Depois do final trágico da época de
2012/2013, o início da seguinte parecia ser a mãe de todas as pré-epocas
deprimentes.
Puro engano…
Neste autêntico duche escocês de motivos de euforia
e de depressão, ou montanha russa de emoções, em que sócios e adeptos têm andado
à reboleta, ainda nos estava reservado um início mais triste.
Já tenho, feliz ou infelizmente, algumas
décadas de futebol no bucho. Já assisti a muita destruição de equipas vencedoras,
mas algo parecido com o actual PDEC (Processo de Destruição Em Curso de Equipa
Campeã) nunca tinha visto com estes olhinhos.
Mas nem tudo é mau.
Esta pré-epoca está a mostrar, para quem
ainda tinha dúvidas, que Jorge Jesus é, de facto, um grande treinador. Os novos
jogadores estão a ser bem integrados, o modelo e os processos de jogo estão a
ser assimilados, a equipa começa a apresentar uma movimentação consistente, a
atacar e a defender, embora ainda com naturais e compreensíveis deficiências
individuais e colectivas.
Ou seja, naquilo que depende do trabalho do
treinador com a equipa, já foi possível reconhecer, neste jogo com o Ajax, muito
do Benfica das últimas épocas. Mas como diz, e bem, Jesus, não basta muito trabalho,
também é preciso haver qualidade. E é ineludível a falta que faz a qualidade de
um Oblak, de um Garay, de um Siqueira, de um Enzo (se sair, como tudo indica),
de um Markovic, de um Rodrigo. Qualidade cuja falta dificilmente poderá ser
colmatada, pelo menos no curto-médio prazo: é muita gente e muita qualidade a
sair ao mesmo tempo!...
No entanto, o Jogo com o Ajax (obrigado,
Eusébio, pela tua presença, e desculpa terem faltado 40.000 pessoas) deu
indicações de que poderemos vir a construir uma boa equipa.
O resultado foi enganador. Em vez de 0-1
poderia ter sido 3-1 ou 4-2. A equipa movimentou-se bem, sobretudo nos
primeiros 20 minutos da primeira parte e em grande parte da segunda.
A presença dos ‘velhos’ fez-se notar pela positiva.
O Maxi transportou de imediato energia e determinação para a equipa (quem disser
mal do Maxi ao pé de mim leva uma paulada!). O Amorim deu equilíbrio e inteligência,
como sempre. O Gaitán, agora com o 10 nas costas, é um enorme jogador, a quem
falta apenas um bocadinho mais de ‘cabeça’ para ser genial. O Lima apareceu
muito bem com as suas típicas movimentações. O Cardozo, jogador que admiro, deu
um ar da sua graça, e mostrou-se muito esforçado na tentativa de se adaptar a
um modelo de jogo que em nada o favorece. Força Cardozão!
Mas, para mim, o único verdadeiro génio da
bola que ainda subsiste no Benfica dá pelo nome de Toto Salvio. Que no meio de
tudo isto, Toto, possas, finalmente, ter uma época sem lesões e brindar-nos com
o teu futebol feito de enorme inteligência, grande potência e velocidade, e técnica
suprema. Que sejas o grande reforço da época de 2014/2015!
Quanto aos ‘novos’, o Talisca parece ser a
melhor aquisição. Boa técnica, passe, visão de jogo, rapidez de decisão, bem
nas bolas paradas. Se ganhar um bocadinho mais de ‘corpo’ pode vir a ser um
caso sério. O Benito tem bons pormenores, talvez mais a atacar do que a defender,
onde ainda se perde um pouco. Talvez se faça um lateral esquerdo, com tempo e
trabalho. A mesma coisa diria do César, na posição de defesa central.
Não sei se o Ola John é dos ‘velhos’ ou dos ‘novos’,
mas sei que é um grande jogador. Grande técnica, potência no arranque e
progressão (parece lento, mas não é!), Ola é um daqueles jogadores em que a
parte mental tem um peso muito grande no desempenho. É preciso dar-lhe
confiança para fazer explodir todas as suas, enormes, capacidades.
O miúdo João Teixeira não engana, é jogador!
Por favor, Jesus, ajuda-o a crescer. Não faças com ele o que estás a fazer ao Bernardo
Silva (já está metido nalgum ‘fundo’ ou a caminho de algures?...). O João Cancelo
é um puro-sangue que, como qualquer puro-sangue, precisa de ser domado, mas não
é qualquer um que tem mão para o fazer. Os treinadores da formação não a
tiveram, espero que a tenhas tu, Jesus. Ao contrário do Coentrão, talvez possas
adaptá-lo de defesa a extremo direito…
Quanto ao Derley, Eliseu e Bebé, não vou
pronunciar-me antes de os ver jogar mais vezes.
A sangria da equipa campeã tem sido enorme.
Caso Gaitán e Enzo saiam, a sangria será de tal ordem que poderá dar em anemia.
Se não saírem, com o regresso do capitão
Luizão, e a aquisição, absolutamente indispensável, de um bom guarda-redes
(faz-me pena ver o Artur cada vez mais ‘perdido’), penso que poderemos
construir uma equipa capaz de lutar pelas provas nacionais.
A nós, cabe-nos apoiar, apoiar sempre, a
nossa equipa e os nossos jogadores, sejam eles quais forem!
Finalmente, o Presidente…
Há na blogosfera benfiquista uma certa
esquizofrenia em torno da figura de Luís Filipe Vieira. Para alguns, Vieira é a
fonte de todos os males, se não mesmo o verdadeiro ‘Mal’, faça o que fizer. Para
outros é um ser perfeito que faz tudo bem, e cujas atitudes têm sempre uma ‘profunda’
e louvável justificação mesmo que, por hipótese, arreatasse a equipa num feixe
e a vendesse pelo preço simbólico de um euro…
Não me revejo em nenhuma destas posições. Não
porque considere que ‘no meio é que está a virtude’ (detesto esta frase e o que
ela significa!), mas porque nada na vida é a preto e branco. Para além do mais,
odiar ou incensar Vieira é dar-lhe mais importância do que ele (ou qualquer
presidente) efectivamente tem. A única coisa verdadeiramente importante é o
Sport Lisboa e Benfica, os seus valores, as suas memórias, o seu futuro.
Dito isto, esta pré-epoca mostra à evidência
que o Benfica não tem um Presidente à sua frente. Tem um homem de negócios, um
gestor, mas não tem um Presidente! Porque ser presidente de um clube e ser
presidente do Benfica, em particular, é muito mais do que saber gerir ou ter
uma visão empresarial das coisas.
Ser Presidente do Benfica implica ter
respeito e consideração pelos sócios e adeptos, estar próximo deles, saber comunicar
com eles, ter coragem de assumir as opções e saber explicá-las da melhor
maneira possível.
Quando, na final da Youth League do ano
passado, Vieira, espontaneamente, desceu ao campo e levantou do chão os miúdos
que estavam destroçados por terem perdido uma final europeia, foi Presidente!!
Quando Vieira vende e desfaz a equipa campeã
e não dá uma única explicação aos sócios e adeptos; quando se esconde e não é
capaz de dar uma palavra de ânimo e confiança a todos nós, até poderá estar a
ser um bom gestor, mas não está, certamente, a ser um bom Presidente do Sport
Lisboa e Benfica!!!
Eu até dou de barato que as vendas dos
principais jogadores sejam necessárias para o equilíbrio financeiro do clube.
Mas expliquem. Digam que é necessário abater o passivo, que é necessário fechar
o fundo do BES, ou o que quer que seja. Digam qual é, no actual contexto, a estratégia económico-financeira e desportiva para o clube.
É inacreditável que tenha que ser o treinador
Jorge de Jesus a vir a público dizer aos sócios e adeptos para “não se assustarem”
e terem confiança porque se está a trabalhar para construir uma boa equipa,
embora possa demorar mais tempo!
Onde anda Luís Filipe Vieira? Irá aparecer se
o Benfica ganhar a Supertaça? Irá aparecer se o Benfica ganhar ao Sporting na
3ª jornada?
Para mim, é indiscutível o importante (quiçá
decisivo) papel que Vieira teve na recuperação do Benfica e na construção das
suas infraestruturas.
Infelizmente, porém, para Vieira, os sócios e
adeptos são apenas público-alvo para acções de marketing e para ganhar votos em
época eleitoral (em tanta obra feita, nem sequer se lembrou de construir
instalações de convívio minimamente dignas para os sócios; a saleta actual é
pior do que a que existia no antigo estádio…). De resto, não passam de uma ‘massa’
incómoda com a qual é necessário ‘viver’.
O que é mais patético, no meio disto tudo, é
a continuação da campanha de angariação de sócios com a imagem de Vieira no
canto da pantalha…
Ser Presidente do SLB implica uma ‘grandeza’
que Luís Filipe Vieira, definitivamente, não tem!
Espero, sinceramente, poder um dia dizer que, afinal, me enganei, mas, ao fim de tantos anos, as probabilidades são cada vez mais reduzidas...
Até parece que as últimas entrevistas serviram de muito. Quem não gosta dele não ouve nada e só distorce o que é dito.
ResponderEliminarEu a pensar que o importante era ter um presidente que formasse uma boa equipa técnica e um bom plantel, mas afinal o que é preciso é um presidente que dê show off...
Show-off não é comigo... Nem tem que ser o Presidente a falar. Pode ser o vice, ou o director desportivo, o responsável pela comunicação. Agora, ninguém dar uma explicação sobre um processo de desmantelamento de uma equipa campeã, é, convenhamos, um silêncio absolutamente ensurdecedor!
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