sábado, 31 de maio de 2014

Jesus, à luz do Sol…


A entrevista de Jesus ao jornal Sol tem um interesse particular: foi preparada há muito tempo, dada há mais de uma semana, e, portanto, Jesus teve todo o tempo para a ver e rever; aquilo que saiu foi exactamente o que Jesus quis que saísse, o que é dito corresponde àquilo que Jesus quis tornar público.

Esta entrevista, traduz, portanto, a imagem que Jesus quer dar de si próprio, e é enquanto tal que deve ser entendida.

Não quer isto dizer que as respostas de Jesus foram calculistas ou sequer que foram todas calculadas. De forma nenhuma, ninguém consegue controlar totalmente estas situações sem cair na artificialidade, sem perder autenticidade. E Jesus quis ser autêntico. O que não obsta a que, naturalmente, o seu discurso possa ter apreciações e interpretações diferentes daquelas que, com maior ou menor grau de intencionalidade, Jesus nele colocou ou consideraria possíveis, o que acontece, aliás e inevitavelmente, com todas as formas de expressão.

Dito isto, parece-me haver várias características de si próprio que Jesus quis evidenciar e fazer passar:

i) Um Jesus, self-made man, que construiu o seu caminho, desde muito cedo, com autonomia, e até mesmo com solidão, não beneficiando de ajudas, contando, sobretudo, e muitas vezes apenas consigo próprio.

ii) Um Jesus com raízes populares, que começou como operário num bairro suburbano, com uma cultura de bairro própria, nomeadamente ao nível da linguagem (o que alguns confundem com dar pontapés na gramática).

iii) Um Jesus destemido, truculento, sem receio de nada, capaz de se meter ao barulho e envolver em zaragatas, se considerar necessário e, por vezes, mesmo que não seja necessário, que não deixa passar ‘provocações’ sem a devida resposta. Jesus valoriza esta maneira de ser. Um dia, ao defender o treinador Fernando Peres “Meti-me no meio daquela confusão, à cabeçada e ao pontapé, e limpei aquilo tudo. Este é o meu ADN”. ADN que já passou para os filhos “São destemidos, praticam jiu jitsu e batem em qualquer um”. Ficou a gostar do Tim Sherwood, porque constatou que é um homem destemido que não teve medo dele, Jesus (“Se fosse preciso dar-me uma cabeçada, ali, dava”).

iv) Relacionado com o aspecto anterior, um Jesus convicto das suas prerrogativas, inflexível na sua autoridade, sem medo de azias de jogadores. O Líder é ele e ponto final, quem não aceita as suas opções não tem futuro na equipa. Dá muita margem ao capitão desde que este não ultrapasse os limites. Jesus manda em tudo o que diz respeito ao seu sector de trabalho e só responde perante os presidentes. Mas, mesmo estes têm limites traçados, não podem entrar no balneário para falar com os jogadores sobre questões que têm que ver com o jogo, nem interferir na área técnica.

v) Um treinador muito exigente “Os jogadores do Benfica [quando Jesus chegou] não estavam habituados àquilo que acho importante: exigência, responsabilidade e profissionalismo. Hoje já não tenho esse problema, eles já sabem com o que contam”.

vi) Um Jesus profundamente convicto das suas capacidades, que se considera o melhor do mundo na área que escolheu como campo de trabalho, nível que alcançou, com base na sua experiência de vida e do futebol, com muito esforço, paixão e, mais que tudo, com criatividade. Jesus, enquanto treinador, é um criador, tal como Paula Rego enquanto pintora. Criação que conjuga arte, ciência e técnica. Quem copia não vai longe, só quem cria tem êxito. Tem para si que é o melhor, mas está sempre a aprender e a inovar.

vii) Um Jesus com uma ética de solidariedade e gratidão, amigo do seu amigo, agradecido e leal, que nunca, ninguém nem nenhuma circunstância, impedirão de reconhecer e cumprimentar. Por exemplo, enquanto estiver no Benfica cumprimentará sempre Pinto da Costa, onde quer que seja, assim como se um dia treinar o Porto cumprimentará sempre Lui Filipe Vieira.

Naturalmente, resultam da entrevista outras características, menos intencionalmente expressas, mas que são igualmente importantes para compreender o homem e o treinador.

i) Um Jesus individualista, ‘solitário’. Embora possa haver algum egocentrismo (como em toda a gente) não me parece que seja o elemento determinante. É um individualismo que está profundamente enraizado na sua personalidade. Verdadeiramente, Jesus apenas consegue confiar em si próprio, sentir-se em paz apenas quando está consigo mesmo. Neste sentido, Jesus é um solitário, mesmo quando está rodeado de gente. “Gosto de estar no meu canto, sozinho”, diz. “Quando não ganho, os meus filhos e a minha mulher sabem que não se podem chegar ao pé de mim. Fecho-me. Enquanto não souber porque é que a equipa falhou, não quero ninguém ao pé de mim. Não durmo nessa noite”. É claro que Jesus tem amigos, que preza, embora sejam poucos, como diz. Partilha com eles a “alegria do dia-a-dia”, mas parece não partilhar com ninguém os momentos difíceis, a dor.

ii) Um Jesus muito emocional. Já se sabia, basta vê-lo ao longo da linha lateral durante os jogos (não deixa de ser espantosa a forma como, num turbilhão de emoções, Jesus consegue ter, simultaneamente, a racionalidade suficiente para ler, e bem, o jogo). Surgem, porém, na entrevista novas dimensões da sua emotividade. Desde logo o facto de ter vestido de preto durante anos, em luto pela morte da mãe, e não como mania ou moda, como muitos pensavam. Depois, a forma como o tocam gestos e atitudes de afecto e apoio sentido. Jesus diz que ficou no Benfica por causa do Presidente e porque dois jovens adeptos lhe pediram para ficar, um colocando um vídeo no YouTube, outro, pessoalmente, oferecendo-lhe o emblema de 25 anos de sócio (tantos quantos os anos de vida).

iii) Um Jesus que gosta de jogar. Já jogou no casino, mas deixou de frequentar esses lugares desde que começou a ser um treinador conhecido. Mas os jogos, diz, também foram importantes para a sua vida de treinador, porque o “obrigaram a não ter medo de arriscar”.

iv) Um Jesus com dificuldade em reconhecer, publicamente (provavelmente não para si próprio), que comete erros.

v) Um Jesus que ainda não consegue lidar bem com as suas lacunas ao nível da formação escolar e educativa. Que sente que essas lacunas contribuíram para ter chegado ao topo mais tarde do que desejaria. Procura justificar-se dizendo que não é o Eça de Queirós, nem estudou para ser professor de português. Ou com a cultura de bairro, referindo que diz ‘gande’ em vez de grande e ‘tamém’ em vez de também, não porque sejam ‘pontapés na gramática’, mas como reflexo daquilo que refere ser a “linguística de bairro”, destapando, na mesma frase, as suas lacunas, ao não distinguir entre ‘linguagem’, forma de expressão e comunicação, e ‘linguística’, ciência que estuda a linguagem. Jesus é um indivíduo efectivamente inteligente. Não deve ter problemas em assumir as suas lacunas (só os ‘maus’ podem levar-lhe a mal essas lacunas) e tentar corrigi-las. Aliás, mais adiante, Jesus refere que, neste momento está a ler dois livros: o Inglês para Totós, e o Pontapés na Gramática, mostrando que tem consciência daquilo em deve melhorar e está a tentar fazê-lo (é isso que importa, Mister!).

Estes parecem-me ser os aspectos principais, relativamente ao ‘quadro humano’ que a entrevista de Jesus permite traçar. Um homem inteligente, determinado, emocional, com virtudes e defeitos, com atributos e lacunas, de raízes populares, que em grande medida se fez a si próprio, o que se reflecte nas suas forças, mas também nas suas fraquezas e inseguranças.

Ao nível do futebol, não restam dúvidas sobre a sua enorme capacidade de trabalho, de desenvolvimento do conhecimento sobre o jogo, capacidade criativa e inovadora (interessante a afirmação de que o futuro do futebol passa pela capacidade das equipas mudarem o sistema de jogo, de forma flexível, ao longo da partida, como se faz no andebol e no basquetebol).

É claro que a sua personalidade tem, necessariamente, influências positivas e menos positivas, na sua prestação como treinador.

Jesus é, efectivamente, um líder. Um líder que se impõe pelo grande conhecimento do jogo e dos jogadores (o que estes reconhecem), pela sua firmeza e, se necessário, pela agressividade. Mas Jesus não é um líder ‘natural’, ‘carismático’, que se impõe por si mesmo, para além das suas capacidades (mas este tipo de líderes é muito raro). Os jogadores seguem-no convictamente, mas fica a dúvida se alguma vez ‘darão a vida’ por ele.

A grande confiança que tem nas suas capacidades dificulta-lhe, por vezes, o saber distinguir a linha que separa a convicção da teimosia.

A sua emotividade, as raízes populares, a sua raça, querer e ambição encaixam bem no Benfica, e encaixam bem com o Presidente Vieira. Entre as suas características, o individualismo é talvez a mais dissonante com a cultura de um clube que tem por lema ‘E pluribus unum’, onde ninguém é maior do que o clube, onde o brilho individual, por maior que seja (tu és o nosso rei, Eusébio!), se enquadra na expressão colectiva.

Jesus fez, indubitavelmente, crescer o Benfica e recolocá-lo em patamares elevados. Mas Jesus também cresceu com o Benfica e aprendeu mais nestes anos do que no resto da carreia como treinador.

O sucesso de Jesus não se deve apenas a ele, mas ao Presidente, à estrutura, às condições de que dispõe, à memória e aos valores do Clube, e à massa adepta que está sempre presente, no estádio, pelo país e pelo mundo.

Esta entrevista permitiu compreender um pouco do homem para além do treinador, com as suas forças e debilidades, virtudes e defeitos, em suma, com a sua ‘simples’ humanidade.

Permitiu confirmar também que Jesus é um grande treinador e que pode ainda contribuir muito para o engrandecimento do Glorioso.

Finalmente, não posso deixar de notar algumas ‘revelações’ (ou confirmações) interessantes (para todos os gostos), feitas na entrevista:

- Que é profissional de futebol e, portanto, não põe de parte a hipótese de vir a treinar Sporting ou Porto.

- Que nunca treinou o Porto “Porque há momentos em que as coisas não se juntam, só por isso”, que [ele e Pinto da Costa] “Sempre quisemos dançar os dois o tango, só que nunca nos agarrámos”.

- No final da época passada Jesus teve, de facto, quase tudo acertado para ir para o Porto, que lhe pagava “muito mais” do que ganha no Benfica (sabendo do estado miserável das contas do Porto, isto mostra a vontade ‘desesperada’ de Pinto da Costa). Não foi, porque o Presidente o convidou para ficar e os adeptos o sensibilizaram.

- Afinal, não foi apenas Luís Filipe Vieira que apoiou a continuidade de Jesus. Também teve o apoio do Domingos Soares Oliveira (esse lagarto infiltrado, no dizer de alguns), de Alcino António, Sílvio Cervan e de Rui Costa.

- Que Rui Costa acompanha de facto a equipa e é o único que entra no balneário, para além dos elementos do departamento médico.

- Que, mesmo antes da lesão de Artur, já tinha feito saber ao Oblak, e já estava estipulado, que ele ia começar a jogar.

- No contexto da transferência para o Chelsea, Matic, por influência do empresário, não queria, de facto, jogar a partida com o Porto, mas Jesus e o Presidente convenceram-no (e que bem que jogou!).

- Houve de facto problemas com o Rúben Amorim, nos primeiros tempos, porque este achava que tinha que jogar e, quando assim é, os jogadores têm problemas, porque quem manda é ele. O mesmo terá acontecido com Enzo Perez.

- Que há uma grande cumplicidade entre ele e Vieira “Para além de uma relação de trabalho, há uma amizade forte. Acredito muito nele e ele em mim. Se um dia nos separarmos por qualquer motivo, vai ser sempre com uma confiança e com um sentido de muita união. Se um dia saísse do Benfica nunca iria sair a mal”.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

“Garay é um central bárbaro!”


Uma das coisas boas da dolorosa travessia do chamado ‘defeso’ é deixar-nos maior disponibilidade para apreciarmos e saborearmos alguns nacos do que há de melhor no mundo do futebol.

Deliciosa, a curta entrevista que Aimar deu a um programa de rádio argentino. Inquirido sobre um eventual regresso ao River, disse Pablito: “Não gosto de jogar em lugares onde não esteja à altura. Da cabeça estou bem, mas quero ver se fisicamente estou em condições para jogar a alto nível. Tenho visto jogadores que não se dão conta disto”. E acrescentou: “Não quero ir tocar a bola para os lados. O futebol argentino é muito físico. Não me agrada jogar com a experiência, prefiro a juventude. Vou pôr-me bem fisicamente e então logo elegerei o lugar onde vou terminar a minha carreira”. E rematou, El Mago: “Eu quero deixar o futebol, não quero que o futebol me deixe a mim…”.

Sobre a selecção argentina, depois de comentar que “Parece que agora é que se estão a dar conta que Di María é um fenómeno”, disse Aimar de Garay: “Oiço gente a dizer que não temos centrais. Não vêem o Garay?! É claro que, depois de Ayala, é difícil, mas Garay é um central bárbaro!”

‘Bárbaro’, claro, no sentido de fantástico! Bárbaro Aimar! Que saudades do suave tango que desenhavas em campo, e como o teu sorriso, permanente, se iluminava ainda mais com o esplendor do manto sagrado!

Bárbaros Saviola e Angelito, que já não estais. Bárbaro Garay, que não vais estar! Bárbaros Enzo! Gaitán! Salvio! Voltarei a ver-vos de águia ao peito?...

Bendito país que dá à luz génios em cada geração, como Di Stéfano, Maradona (la mano de Dios es tu mano, Diego) e Messi, e alimenta o mundo do futebol com um número incontável de jogadores de altíssimo quilate (Fillol, Passarella, Kempes, Caniggia, Batistuta, Redondo, Ayala, Zanetti, Riquelme, Tévez, todos os nossos, e tantos outros…).

Confesso que a Argentina é um dos países que povoam o meu imaginário, do Iguazú às Pampas, do Cuyo à Patagónia e Tierra del Fuego, passando por esse coração vibrante que é Buenos Aires.

Argentina que viu nascer José de San Martín (José Francisco de San Martín y Matorras) um dos grandes heróis das independências sul-americanas, juntamente com Simón Bolívar.

Pátria de filhos ilustres e sublimes, como José Hernández, Jorge Luis Borges, Ernesto Sábato, Julio Cortázar.

Argentina, um dos cadinhos onde se produziu a alquimia do tango, expressão vibrante de vida, paixão e morte, do eterno Carlos Gardel [Por una cabeza / si ella me olvida / qué importa perderme / mil veces la vida / para que vivir…] ao bandoneón do enorme Astor Piazzola (Adiós Nonino…).

Um país que nos últimos cem anos passou por tudo, desde o populismo peronista, a refúgio de ex-nazis, aos recorrentes golpes militares cujo paroxismo foi atingido na horrenda, criminosa e sanguinária ditadura de Videla (pobres, queridas, mães da Plaza de Mayo que nunca mais souberam dos seus filhos), passando por uma bancarrota. E sempre se levantou.

Grande parte do(s) encanto(s) desta vida não está na realidade, em si, mas na poesia dos mitos que construímos sobre ela.

Nunca fui à Argentina. Sei que um dia irei.

Saber da realidade e do mito, e cantar com Gardel: “Mi Buenos Aires querido, / quando yo te vuelva a ver, / no habrá más penas ni olvido…”

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Vieira igual a si próprio


Entrevista oportuna, para acabar com as especulações e o tango mediático em torno do fica-não-fica de Jorge Jesus. Com este assunto arrumado, a partir de agora, já sabemos, os media vão virar os azimutes e, no curto prazo, vender papel ou caçar audiências por Vieira ter chamado mentiroso ao Bruno Carvalho (‘esquecendo’, é claro, que Vieira também o elogiou, dizendo que está a fazer um bom trabalho à frente do Sporting) e, no curto e médio prazo, à volta dos jogadores cruciais que vão embora e das carradas que vão entrar. Enfim, o que vale é que vem aí o Campeonato do Mundo…

Entrevista serena, com Vieira a mostrar maior preparação, contenção, capacidade de comunicação e correcção de expressão (mas também já vai sendo tempo).

Esteve bem quando atribuiu os méritos à equipa e treinador, sem deixar de sublinhar as condições criadas pela estrutura e o seu próprio papel no processo de crescimento do Clube e do seu reconhecimento internacional.

No que respeita à equipa para a próxima época ficámos a saber que Rodrigo e André Gomes não ficam, com certeza, nem por empréstimo, e que dificilmente Siqueira permanecerá. Quanto a possíveis saídas nada ficou a saber-se, evidentemente, porque nada é possível adiantar nesta altura do ‘campeonato’.

Em geral, uma boa entrevista, embora sem nenhum ‘picante’ particular.

No entanto, subsistiram várias questões por clarificar ou aspectos que me agradaram menos.

No que respeita ao passivo consolidado, Vieira esteve bem ao afirmar, uma vez mais, que a dimensão do passivo só pode ser analisada em função da dimensão do activo e, sobretudo, do volume e sustentabilidade da actividade económica. No entanto referiu-se à planeada redução progressiva do passivo como se fosse algo que tem vindo a ser concretizado, quando tal não tem acontecido.

A não hostilização da Olivedesportos pode ser compreensível num contexto de afirmações públicas institucionais, mas nada obriga Vieira a, uma vez mais, mostrar-se agradecido a Joaquim Oliveira por ter ‘ajudado’ o clube, só faltou dizer que foi de forma desinteressada.

E então a Benfica TV não pretende transmitir jogos de outras equipas nacionais?! O Farense joga em Espanha? A Benfica TV não pretende concorrer com a Sport TV? Concorre com quem?

E as eleições na Liga? O Benfica não apoia, para já, ninguém, Vieira vai falar com todos os candidatos. Tudo bem. Mas quais são as condições para o Benfica apoiar alguém? Isso, eu gostaria de saber! O que é que está em jogo e como é que o Benfica se posiciona em relação a isso? Vieira nada disse.

Ainda hoje o Rui Santos afirmou, na SIC, que o Fernando Seara é o candidato da Olivedesportos, e que esta candidatura esteve sete meses a ser preparada! Como é?!

Num momento em que o sistema apresenta sintomas de decadência e dá sinais de fraqueza qual é a estratégia do Benfica no sentido da recuperação da verdade e transparência no futebol português? O Benfica vai fazer nas eleições para a Liga o mesmo que fez nas eleições para a FPF? Como dizia há dias o Rui Gomes da Silva sobre esta mesma questão ‘na primeira qualquer pode cair, mas na segunda só cai quem quer’.

Finalmente, relativamente às ‘obras’ que pretende ainda concretizar até final do mandato, Vieira referiu, e bem, a Rádio do Benfica e o Lar para antigos atletas. Mas, uma vez mais, não se lembrou que os sócios do Benfica, que pagam para tudo e mais alguma coisa, merecem instalações de convívio dignas, em vez daquela saleta miserável que está lá no primeiro piso do edifício da megastore, como anexo do restaurante…

sexta-feira, 23 de maio de 2014

FERNANDO SEARA?... NÃO ME AGRADA NADA!!


Não gosto de Fernando Seara. Não o conheço pessoalmente, refiro-me, portanto e logicamente, à figura pública, sobretudo à que foi ganhando (a) vida nas televisões, à pala de ser do Benfica.

Nos tempos em que via programas de debate sobre desporto em que participava Seara, sempre me irritou a sua figura gelatinosa, sem personalidade, sem convicção, de coluna vertebral tenrinha, incapaz de defender o Benfica, tantas vezes a ser gozado e até humilhado pelo Pôncio Monteiro. De tal modo, que, pura e simplesmente, há muito deixei de ver programas em que o dito ‘representante’ do Benfica é o Seara. Não me interessa…

Os artigos que escreve no jornal A Bola, longos, maçadores, pretensamente sapientes, de uma equidistância calculista, absolutamente sem alma, pelo menos alma benfiquista, são outra das suas imagens de marca.

Neste contexto de figuras públicas, detesto o Fernando Seara na mesma medida em que gosto de Rui Gomes da Silva ou de Bagão Félix, e ADORO ABSOLUTAMENTE a Leonor Pinhão!

Mas, mesmo fora do futebol, a imagem pública de Seara é negativa. Os mandatos na Câmara de Sintra em que se limitou a deixar andar a barcaça, tratando da vidinha, são outro exemplo.

É evidente que tudo isto são estados de alma e apreciações subjectivas, que podem perfeitamente ser injustas.

No entanto, há duas questões, muito objectivas, que fundamentam a minha reprovação e desconfiança relativamente a Fernando Seara.

A primeira, é o facto de ele ter sido um defensor da construção de um estádio comum com o Sporting. Para aqueles que não se lembram, no âmbito da discussão sobre a construção dos novos estádios para o Euro 2004, colocavam-se várias hipóteses. As duas principais eram requalificar o antigo estádio ou construir um novo estádio de raiz. Seara, num momento, é certo, em que o Benfica estava na fossa e com grandes dificuldades financeiras, era um dos que defendiam, convictamente, uma terceira alternativa que era a demolição do estádio antigo e a construção de um novo estádio em parceria com o Sporting. Dava como principais razões questões de ‘racionalidade económica’, defendendo que também em Itália Milão e Inter partilham o mesmo estádio, sem que tal afecte a identidade dos clubes.

Esta posição, constituiu, para mim, uma pedra de toque, para avaliar o Seara. Por um lado, como demonstração de enorme incompreensão sobre a dimensão sociológica do futebol, em geral, e do Benfica, em particular. Por outro, enquanto dimensão correlativa da anterior, como expressão de pobreza de alma e falta de coração benfiquista.

Defender um estádio comum com um rival ancestral é não ter a mínima noção da profundíssima importância da dimensão territorial na formação das identidades de grupo.

O elemento central do futebol são os jogadores, a equipa e, obviamente, os jogos, os confrontos. Porém, a esta dimensão central e fundadora, rapidamente se foi associando, com importância crescente, a dimensão territorial. Um ‘campo’, um estádio a que chamamos ‘nosso’, é o nosso território, a nossa casa. A construção do ‘Nós’, que começa na nossa partilha com a equipa e as suas glórias, materializa-se, no espaço do nosso território, e, no tempo, na construção das memórias e na preservação dos valores.

O Estádio é um repositório concreto e simbólico de tudo isto. Porque permanece no espaço, materializa as memórias e os valores, de forma permanente. Porque é o nosso território, dá-nos força e confiança. Porque é a nossa casa, dá-nos a união, o afecto e a partilha!

E, no Benfica, tudo isto assume ainda maior importância. Basta evocar a enorme saga de luta e esforço, mas também de orgulho e conquista, que está plasmada na história da construção dos nossos estádios!...

Um estádio comum com o Sporting era o esboroar de tudo isto, de forma quase irreparável.

Nunca poderei deixar de admirar Luís Filipe Vieira e, sobretudo, Mário Dias, por terem percebido isto, talvez de forma mais instintiva do que racional, porque têm coração benfiquista! A eles, principalmente, devemos ter-se evitado esta tragédia!

A segunda questão objectiva que me faz desconfiar de Fernando Seara são as inequívocas ligações com o sistema! Nada tenho a censurar o facto de Seara ter amigos no Futebol Clube do Porto. É que eu distingo o FCP do pintismo e do sistema (tal como distingo o Sporting, por exemplo, de João Rocha, da lagartice). O meu pai, há muito desaparecido do mundo dos vivos, passou grande parte da sua juventude no Porto e era simpatizante do FCP. Mas não do pintismo. Muitas vezes me disse que as vitórias do pintismo ainda seriam, um dia, pagas amargamente pelo FCP.

O que eu censuro a Seara é a sua ligação com o pintismo e o oliveirismo!

Abreviando. O Sport Lisboa e Benfica nunca poderá dar o seu apoio a Fernando Seara para a presidência da Liga, a não ser que este se comprometa, com toda a clareza, a não desistir da denúncia contra a Olivedesportos na Autoridade da Concorrência, e continuar a lutar para acabar com o monopólio e situação de abuso de posição dominante que tem sido uma pedra angular na sustentação financeira e ‘política’ do sistema, como forma de pressão, chantagem e factor de arregimentação e dependência dos clubes da primeira e segunda liga.

Mas, mesmo nestas condições, preferia outro candidato!

Não se falava em Rui Gomes da Silva?

quarta-feira, 21 de maio de 2014

A próxima época já começou. É imperioso não baixar a guarda e continuarmos a crescer, juntos!. O sistema vai atacar com tudo o que puder!


A época de 2013/2014 ficará bem gravada nas nossas memórias.

Porque foi, talvez, a melhor época das últimas três décadas.

Porque ganhámos quase tudo o que havia para ganhar.

Porque, depois das vacilações iniciais, jogámos bom futebol, um futebol coeso, a atacar e a defender (há quantos anos a equipa não defendia assim?!

Porque construímos um espírito de união como há muito não se via.

E, sobretudo, porque voltámos a ter a bela sensação de que ganhar é normal e natural. De tal modo que a perda da Taça UEFA (tanto mais quanto foi como foi…) acabou por parecer uma perda ‘menor’.

É que, apesar de não termos ganho, inundou-nos a convicção de que falar de ‘maldições’ é destituído de sentido, e uma vitória europeia não é algo de longínquo e inalcançável, que depende de forças sobrenaturais, mas que está aí, para breve, no futuro, porque temos capacidade e qualidade para a conseguir.

Duas finais europeias consecutivas, mesmo perdidas, cinco anos de boas presenças nas competições europeias, subida até ao 5º lugar do ranking da UEFA (pois é(!) apenas atrás de quatro colossos milionários) dão-nos a sensação de que uma vitória europeia do Glorioso entrou na ordem natural das coisas.

É necessário, porém, manter o rumo que (re)encontrámos, após a longa, difícil e dolorosa dobragem do Cabo das Tormentas, entre o final da ápoca passada e o 1º terço da presente época.

Foi nesta provação que conquistámos a chave do sucesso!

É nas dificuldades que emergem os valores mais profundos, é no fogo que se tempera o aço, as grandes provações fazem-nos crescer.

No final da época passada este blog ainda não existia. Portanto, estou à vontade para dizer, sem problemas, que defendi, junto dos meus amigos, a saída de Jesus do Benfica, logo a seguir ao final da Taça de Portugal. Pelo contrário, uma vez chegados perto do início da presente época sem que a situação se tivesse alterado, defendi que seria desastroso o Jesus não continuar.

Posso também dizer que me irritou profundamente a forma como o Presidente Vieira protelou a resolução do assunto Cardozo, o atraso em encontrar defesas laterais à altura, a resolução definitiva da situação de Jesus, entre outras questões.

Tudo isto se reflectiu numa pré-epoca fraquinha, num início de campeonato horrível (derrota com o Marítimo, reviravolta com o Gil Vicente, em casa, nos derradeiros minutos).

Confesso que foi no jogo com o Sporting (que fui ver a Alvalade) que senti que as coisas estavam a mudar, que a equipa começava a encontrar-se e que tínhamos reforços de qualidade (grande Marco!).

No primeiro terço da época fomos encarrilando, com alguns solavancos, com o Tacuara a ser fundamental para que a equipa se aguentasse (como é que se pode não respeitar o Cardozo?!).

Depois, foi em crescendo.

Jesus confirmou ser um grande treinador e, ao contrário do que eu pensava, soube ter a capacidade de aprender com os erros! Jesus fez crescer o Benfica nestes cinco anos, mas Jesus também cresceu, e muito, com a experiência de um clube enorme, que luta sempre contra ventos e marés, mas está, como nenhum, no coração do povo, porque saiu do povo e é povo!

Jesus ainda pode melhorar mais, sobretudo no campo da motivação e da compreensão da dimensão psicológica, dos jogadores e da sua. Ninguém pode, nem deve, esperar ou pedir a Jesus que deixe de correr, gesticular e vociferar com os jogadores, na linha lateral durante os jogos, ou, quiçá, mesmo nos treinos. Sem isso, Jesus não seria Jesus. No entanto, pode melhorar a liderança, aumentando o carisma, conquistando nos jogadores não só a admiração e o respeito, que já tem, mas também a dedicação.

O Presidente Vieira teve muito mérito neste processo, mas também oscila e erra. Não sou um indefectível de Vieira, porque só sou indefectível do Sport Lisboa e Benfica. Mas, neste momento, tem o meu apoio e tiro-lhe o chapéu! Vieira também ‘cresceu’ neste processo. Falou menos, preservou-se, interveio dentro da estrutura, apoiou a equipa, mostrou ser um líder (não esquecerei o conforto que deu aos juniores no final da Youth League).

Sempre valorizei o trabalho enorme de Vieira no que respeita ao desenvolvimento das infraestruturas do Benfica. A construção do Estádio (com Mário Dias!) factor absolutamente fundamental de estruturação e reprodução da identidade territorial e simbólica de um clube, impedindo o erro colossal, quiçá irreparável, que teria sido a construção de um estádio comum com o Sporting. Como é que pode ter havido gente do Benfica, como Fernando Seara (candidato à presidência da Liga, com o apoio do Benfica, Deus meu?!) que defendia esta ‘solução’?!!!

O campus do Seixal, o Museu e a Benfica TV são outras pedras angulares na construção e desenvolvimento do clube.

Falta, porém, maior carinho e consideração pelos sócios, que, por vezes, parecem ser tratados apenas como números e objecto de marketing. Para mim, é quase inacreditável que um clube com a dimensão do Benfica apenas disponibilize aos sócios uma miserável e acanhada ‘sala de convívio’ (pior do que a do antigo estádio)! Para quando instalações de convívio para os sócios, dignas, com sala de leitura/biblioteca, salas de jogos, bar, instalações que possam também transformar-se em pequeno auditório para discussão e divulgação de assuntos do Benfica, onde possamos conviver e ouvir as memórias de alguns mitos vivos que, felizmente, ainda temos, como o Simões e o José Augusto, e outros mais novos, como o Toni, o Rui Costa, etc., etc.?

Já ao nível do futebol, Vieira mostrou maiores dificuldades, quer ao nível da estrutura interna, quer na relação com o sistema (apoio ao Fernando Gomes para FPF?!), na defesa do clube contra as arbitragens, etc.. Mas também aqui tem vindo a aprender e a melhorar.

Espero uma posição de grande firmeza na defesa do Benfica, na época que aí vem!

É que o sistema vai atacar com tudo o que puder!

Esta época o sistema foi apanhado de surpresa, e com a carruagem em andamento. Convenceu-se que o Benfica estava irrecuperavelmente ferido, na sequência do final da época passada. O mau início de campeonato reforçou-lhe essa convicção. O sistema desleixou-se, baixou a guarda.

Quando acordou já era tarde, ainda por cima com as coisas a correrem-lhe de mal a pior dentro da própria casa.

Mas agora já está prevenido, está a reunir as tropas e vai recorrer a tudo, desde o célebre ‘algoritmo’ dos sorteios, até às arbitragens, passando pelos treinadores ‘amigos’, jogadores ‘emprestados’, avençados da comunicação social, etc., etc.

O sistema está em declínio e, como todos os sistemas em declínio, não se apercebe que o terreno se vai esboroando debaixo dos pés, e julga, convictamente, que tem mais poder(es) do que efectivamente tem. No entanto, um poder mafioso, construído durante mais de 30 anos não desaparece de um momento para o outro e continua a ser perigoso.

O Benfica tem que estar alerta, preparar bem a próxima época, manter uma equipa forte como o Presidente prometeu no discurso na Câmara Municipal (bom discurso!), consolidar a estrutura, reforçar a união entre equipa, estrutura directiva e adeptos!

A Festa foi bonita, pá, mas já acabou!

A próxima época já começou. É imperioso não baixar a guarda e continuarmos a crescer, juntos!

E pluribus unum!

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Crónicas de Turim (II) - Não, ontem não foi a maldição...

Não perdemos mais uma final por causa de qualquer maldição, nem apenas por causa do árbitro ou por termos jogadores fundamentais impedidos de jogar.
Ontem perdemos porque mais uma final porque a equipa acusou imenso o peso do jogo, e esteve com uma enorme ansiedade, desde o primeiro minuto até ao último penalti.
A ansiedade mói, desgasta, até mata.,. A ansiedade bloqueia, provoca más decisões, baixa significativamente os índices físicos.
A faceta mais fraca de Jesus como treinador (não, não vou atacar o Jesus!) é a parte motivacional, a parte de preparação psicológica dos jogadores.
Mas não há por lá um psicólogo, ou vários, que façam este trabalho?
Quanto ao jogo, mesmo assim, não deixou dúvidas a ninguém sobre qual a melhor equipa e a que mereceria vencer.
Não ganhámos, mas foi mais uma grande jornada do Glorioso, da nossa equipa, e de grande confraternização entre adeptos, e com alguns adeptos do Torino que também apareceram para nos apoiar.
E agora, com psicólogo ou sem ele, é preparar a equipa para domingo, porque esta final é a segunda mais importante da época.
Rapazes, mais uma vez vamos lá estar para vos apoiar!
E pluribus unum!

terça-feira, 13 de maio de 2014

Crónicas de Turim (I) – Vencer!

Não, ainda não estou em Turim, só amanhã!...
Mas já voava rumo a Itália quando decorria o jogo Porto-Benfica de Sábado passado, que o já famoso ‘algoritmo’ informático do sorteio (quando é que o Benfica acaba com esta fantochada?!) colocou, uma vez mais, na fase derradeira do campeonato…
Pelo que me contaram e fui lendo, decorreu mais um pequeno acto da farsa, velha e relha, que o ‘capo di tutti capi’ vem encenando há mais de trinta anos: agitar o anti-benfiquismo como factor de motivação, alimento e agregação da plebe, para desviar atenções de derrotas ou como cortina de fumo para escamotear os negrumes da corrupção, das negociatas e desvio de dinheiros (há cerca de uma dúzia de anos, um velho sócio do Porto disse-me que o ‘capo’ metia ao bolso um milhão de euros por cada transferência de jogadores; isto na altura…).
É curioso como, quando estamos longe, as coisas se relativizam e surgem com a sua verdadeira dimensão. E a peça de sábado, a que não faltou o bobo do apito de serviço, seguida de mais uma kelvinada-show, surge de uma pequenez e de um ridículo, atrozes… Pequenez é o verdadeiro nome do meio do ‘capo’ que nunca conseguiu esconder, mesmo nos momentos mais ‘altos’, um profundo e incontrolável complexo de inferioridade relativamente ao Benfica.
Mas deixemos para trás a ‘loca infecta’ e vamos ao que interessa.
Que dizer sobre o dia de amanhã?
Sinceramente, penso que nunca estiveram reunidas tantas e tão favoráveis condições para o Benfica vencer uma final europeia.
Espero, portanto, que o Benfica vença e seja o melhor, ou que vença mesmo sem ser o melhor, porque já ganhámos direito a isso!
Não me interessa sequer entrar em discursos do género ‘a época será sempre boa, mesmo que…’
Amanhã vamos travar mais uma batalha, todos juntos! Os nossos guerreiros dentro de campo! A primeira retaguarda, com muitos milhares de soldados de infantaria, nas bancadas! A segunda retaguarda, de milhões, assistindo pela caixa mágica e enviando ondas positivas à distância!
Vencer!

Vencer, deve ser o único pensamento, de cada um e de todos! O resto é conversa!

sábado, 10 de maio de 2014

A camisola do Benfica não se veste, honra-se!


Hoje, 4ª feira, domingo, para o ano, seja quando for, com quem for, e com quem estiver, a camisola do Benfica não se veste, honra-se!

Por muitas tretas, manobras, armadilhas, patadas, facadas, se necessário, contra tudo e contra todos, sempre!

Acima do Benfica não está ninguém!

quinta-feira, 8 de maio de 2014

5 vitórias nas últimas 6 edições da Taça da Liga, têm mais significado(s) do que alguns julgam


Em sete edições da Taça da Liga o Benfica ganhou cinco.

Mas, reparem, nas últimas seis edições, o Benfica ganhou cinco e esteve na meia-final da outra.

Estes factos, só por si, têm um significado especial. Mas são sintoma de algo mais profundo.

Por razões várias, que não interessa agora aprofundar, o ‘sistema’ menorizou esta prova.

Até à presente época, não investiu nela a sua rede tentacular, que vai dos órgãos de poder do futebol (e não só), até à arbitragem, passando pelo controlo de clubes via direitos televisivos, colocação de treinadores ‘amigos’ e jogadores, e terminando nos postos chave tomados, ao longo dos anos (denodada e sistematicamente), nos diversos meios de comunicação social.

Este incauto não investimento por parte do ‘sistema’ criou condições para que o Glorioso tenha encontrado nesta prova um meio de expressão da sua crescente capacidade de estruturação, organização e construção de equipas com grande qualidade futebolística.

Mas este processo da Taça da Liga evidencia também alguns sintomas que caracterizam as fases de decadência de determinado tipo de sistemas de poder: o acomodamento, o ‘aburguesamento’, o ‘descuido’, a convicção da infalibilidade e inimputabilidade, de que o ‘sistema’ é uma emanação da ordem natural do mundo, ou mesmo divina, e que as coisas se resolvem por si. As estruturas vão-se corroendo e desagregando, mas o ‘chefe’ e a entourage continuam a julgar-se senhores do ‘mundo’ no melhor dos mundos…

Se a Taça da Liga tivesse tido início nos anos 80 ou 90, o ‘sistema’ teria lutado por ela com unhas e dentes.

É um facto que o Benfica e o Jorge Jesus cometeram erros. No entanto, é também evidente que, mesmo com esses erros, se o Benfica tivesse lutado com armas iguais tinha sido campeão nacional nas duas últimas épocas, e estaríamos agora a festejar o 4º título nacional em 5!...

A Taça da Liga constitui, assim, um bom revelador de um processo contínuo, com altos e baixos, avanços e recuos, de um movimento duplo e simultâneo, de crescimento progressivo do Benfica e de regressão do ‘sistema’.

Com a hecatombe desta época, o ‘sistema’ acordou, assustado, para a Taça da Liga e tudo fez para a vencer. Tarde demais!...

Compete-nos, agora, solidificar as nossas posições (não facilitar, continuar a carregar!), para que o ‘sistema’ se afunde de vez e possamos, finalmente, renovar a atmosfera putrefacta em que o futebol português tem vivido, e respirar um ar mais limpo.

A forma irrepreensivelmente séria como temos jogado, e como ontem jogámos perante um valoroso Rio Ave, mostra que a equipa do Benfica está pronta para responder aos desafios.

Esperamos que a ‘estrutura’ (do Presidente ao roupeiro) se fortaleça e consolide ainda mais, para que o Benfica possa continuar a crescer.

Os adeptos, esses estarão sempre prontos a fazer o que estiver aos seu alcance para apoiar a equipa, por pouco que seja, como ficar 10 horas à torreira do sol (alguns estiveram mais de 24 horas) para arranjar um bilhete para a final da Liga Europa.

Esta época tem sido fantástica. Será inesquecível se vencermos as duas finais que faltam. Mas não é o fim do percurso. É apenas o recomeço!

PS: Belo, o jogo de ontem, digno de uma final. Muito bem o Rio Ave que lutou táctica, técnica e fisicamente o melhor possível. Grande atitude da nossa equipa que, depois de uma certa surpresa inicial, assentou e dominou o jogo até final.

Todos estiveram muito bem, sem excepção. Os jornalistas presentes elegeram o Rodrigo como o homem do jogo. Alguns órgãos de comunicação evidenciaram o Luisão (grande capitão!). Eu realçaria o Rúben Amorim, para além de um miúdo fantástico que temos entre os postes (um tal de Oblak, conhecem?).

Vi o Rúben como último homem da linha defensiva, vi o Rúben a fazer compensações, vi o Rúben a iniciar o processo ofensivo, vi o Rúben a transportar a bola pelo centro do terreno, vi o Rúben a carregar a bola pela faixa, vi o Rúben a penetrar na área, vi o Rúben a rematar à baliza. Vi o Rúben!...

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Hoje é a primeira final do nosso futuro!


Hoje é a primeira final do nosso futuro!
 
Respeitar o adversário, dar tudo para ganhar! Hoje é primeira final do nosso futuro!
Ganhar, jogar, sempre, sempre, para ganhar, é já ganhar, ainda que se perca, porque qualquer derrota se torna um mero acidente de percurso.
Respeitar todos os adversários é dar-se ao respeito, é ser respeitado!
Há muitos anos que não sentia e via uma conjugação tão forte de condições (dentro, em torno e fora da equipa, dentro e fora do clube) para o Glorioso retomar os caminhos do futuro, honrando o seu passado.
O 33º Campeonato e as três taças podem dar um impulso determinante para (re)começar um novo ciclo de glórias.
Por isso, cada uma delas é fundamental.
Queremos ganhá-las todas, ‘não deixando o fruto pela metade’.
Hoje, a Taça da Liga é a mais importante porque é a próxima batalha e a próxima conquista!
 
Recomeçar
 
Recomeça…
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses
De nenhum fruto queiras só metade.
 
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua, a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças!...
 
(Miguel Torga, Diário XIII)

 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

É necessário promover as modalidades!!!


Que diabo!

Ontem estiveram na luz mais de 50.000 adeptos para ver o jogo com o Setúbal. Muitos milhares já andavam perto do estádio desde a hora de almoço.

Mas no jogo decisivo de apuramento do campeão nacional de Voleibol, o pavilhão, embora bem composto, estava longe de estar cheio!

Pior do que isso, as cabeças geniais que organizam estas coisas colocaram o início da partida para as 16h00, sabendo perfeitamente que o jogo apenas terminaria antes das 18h00 (hora de início do Benfica-Setúbal) caso o Benfica vencesse o Fonte Bastardo por 3-0, o que não era previsível!

E assim aconteceu! Depois de 1-0, 1-1, 2-1, a quarta e última partida estava a decorrer, muito equilibrada, com a equipa a necessitar do nosso apoio, quando muita gente abandona o pavilhão para assistir ao início do jogo de futebol!

A culpa é dos adeptos que não quiseram perder 15 ou 20 minutos do jogo de futebol!? A principal responsabilidade é dos incompetentes que colocaram o jogo àquela hora!!

Ganhámos 3-1 e só perdemos 15 minutos do Benfica-Setúbal. Agora imaginem que o Fonte Bastardo empatava 2-2 e necessitávamos da quinta partida!

Isto é pura incompetência e desleixo porque não é a primeira vez que acontece! Há 2 anos perdemos o campeonato em casa com o Espinho e aconteceu a mesma gaita, com sobreposição com o jogo de futebol da equipa principal!

Não há promoção das modalidades junto dos sócios e adeptos!

Os pavilhões estão sempre com meia dúzia de carolas (que até pagam quota suplementar para as modalidades). Só quando chegamos às finais é que há mais gente, mas mesmo assim, nem sempre.

O jogo do play-off da meia-final de Basquetebol, com o Sampaense que começou às 14h30 tinha muito pouca gente. No primeiro jogo, no sábado, aconteceu o mesmo.

Depois, nas poucas vezes em que há ‘enchentes’ acontecem coisas bizarras, como abrirem poucas bilheteiras, formando-se enormes filas para os bilhetes e para entrar no pavilhão. Já vi adeptos furiosos (aqueles carolas que vão a todas) entrarem no pavilhão com um atraso de meia hora e virarem-se para a tribuna perguntando se querem acabar com as modalidades!

A informação no estádio sobre datas e horas de jogos é paupérrima e mal se vê!

Quando há modalidades em dia de jogo de futebol não seria fácil encher os pavilhões vendendo a preço simbólico bilhetes a quem compra bilhete para o jogo de futebol?

Há sempre tantas ideias para vender produtos aos sócios, não há ninguém que as tenha para promover devidamente as modalidades?!

Elas merecem!

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Novas revelações sobre a identidade do ‘Manel’


Em post anterior escrevi: ‘Juventus/Conte/Platini/UEFA, com manobras para desestabilizar a equipa, em geral, e o Enzo, em particular? Pobres tolos, ninguém lhes disse que quem vai jogar amanhã é o ‘Manel’?!!

Ora, se eles ainda não sabiam (ou preferiam não saber) quem era o ‘Manel’, aprenderam da maneira mais dura e onde verdadeiramente importa: dentro das quatro linhas, como bem referiu o Siqueira (eh pá, viram aquela correria já no final do jogo? Impressionante!). Receberam uma lição de identidade que jamais esquecerão!

Três meias-finais seguidas, ganhas, a jogar com 10 (e, agora, nove! Com o André Almeida a central!…) é algo de inédito (arrisco a dizê-lo) no mundo do futebol, e é mais um ‘record’ para Jesus.

Isto só é possível numa equipa que alcançou um nível de identidade colectiva e um grau de solidariedade elevadíssimos (o tal ‘Manel’ colectivo que referi em post anterior).

Deixaram tudo em campo, com sangue (tudo por ti, Garay!), imenso suor (mais do que a água da chuva) e… sorrisos!

Deixem-me referir dois jogadores, não para os destacar individualmente, mas em nome de todos os outros: Luisão e Rúben Amorim.

Para mim, Luisão sempre foi, desde o primeiro jogo em que o vi jogar com o Belenenses, um central de excepção. Ano após ano, provou, ou melhor, demonstrou, a todos os que criticavam (que era lento, não tinha rins, mais não sei quê) que está ao nível dos melhores centrais que alguma vez passaram pelo Benfica e é um dos melhores centrais da Europa! Mas é mais do que um central, é um verdadeiro e enorme capitão, uma referência da equipa dentro do campo, uma voz de comando, um treinador em acção (Scolari tem lá melhor?!).

Quanto a Rúben Amorim, pelo contrário, sou sincero, nunca me impressionou como jogador. Mesmo no tempo do Belenenses em que era incensado pela comunicação social, na primeira passagem pelo Benfica, no Braga.

Se em relação ao Luisão nunca me enganei, confesso, humildemente, que me enganei, redondamente, em relação ao Rúben Amorim. O Rúben que tenho visto este ano, seja como titular ou como suplente utilizado, tem demonstrado uma enorme personalidade, visão de jogo, inteligência, sentido táctico, polivalência, e até poder físico (que lhe permitiu aumentar a capacidade de choque e potenciar as inegáveis capacidades técnicas que possui) extraordinários! E isto é tão importante! Não para abrir os olhos a um adepto anónimo e irrelevante como eu, mas para bem da equipa e porque o Benfica necessitava de ter uma referência, deste tipo, num jogador português!

Luisão e Rúben são dois grandes símbolos do enorme ‘Manel’ que somos neste momento.

Temos agora três finais para disputar. Estou certo que o nosso ‘Manel’ irá respeitar as duas grandes equipas que temos pela frente: Rio Ave e Sevilha.

E a melhor forma de as respeitar é dar tudo por tudo e vencê-las!

Lá estaremos para vos apoiar!

Obrigado, Heróis!

Obrigado, rapazes! Não tenho palavras!
Lá estaremos, juntos, para acabar com maldições e enguiços, e erguer um troféu europeu, 52 anos depois!