Em sete edições da Taça da Liga o Benfica
ganhou cinco.
Mas, reparem, nas últimas seis edições, o Benfica
ganhou cinco e esteve na meia-final da outra.
Estes factos, só por si, têm um significado
especial. Mas são sintoma de algo mais profundo.
Por razões várias, que não interessa agora
aprofundar, o ‘sistema’ menorizou esta prova.
Até à presente época, não investiu nela a sua
rede tentacular, que vai dos órgãos de poder do futebol (e não só), até à
arbitragem, passando pelo controlo de clubes via direitos televisivos,
colocação de treinadores ‘amigos’ e jogadores, e terminando nos postos chave
tomados, ao longo dos anos (denodada e sistematicamente), nos diversos meios de
comunicação social.
Este incauto não investimento por parte do ‘sistema’
criou condições para que o Glorioso tenha encontrado nesta prova um meio de
expressão da sua crescente capacidade de estruturação, organização e construção
de equipas com grande qualidade futebolística.
Mas este processo da Taça da Liga evidencia
também alguns sintomas que caracterizam as fases de decadência de determinado
tipo de sistemas de poder: o acomodamento, o ‘aburguesamento’, o ‘descuido’, a
convicção da infalibilidade e inimputabilidade, de que o ‘sistema’ é uma
emanação da ordem natural do mundo, ou mesmo divina, e que as coisas se
resolvem por si. As estruturas vão-se corroendo e desagregando, mas o ‘chefe’ e
a entourage continuam a julgar-se
senhores do ‘mundo’ no melhor dos mundos…
Se a Taça da Liga tivesse tido início nos
anos 80 ou 90, o ‘sistema’ teria lutado por ela com unhas e dentes.
É um facto que o Benfica e o Jorge Jesus cometeram
erros. No entanto, é também evidente que, mesmo com esses erros, se o Benfica
tivesse lutado com armas iguais tinha sido campeão nacional nas duas últimas
épocas, e estaríamos agora a festejar o 4º título nacional em 5!...
A Taça da Liga constitui, assim, um bom
revelador de um processo contínuo, com altos e baixos, avanços e recuos, de um
movimento duplo e simultâneo, de crescimento progressivo do Benfica e de
regressão do ‘sistema’.
Com a hecatombe desta época, o ‘sistema’
acordou, assustado, para a Taça da Liga e tudo fez para a vencer. Tarde
demais!...
Compete-nos, agora, solidificar as nossas
posições (não facilitar, continuar a carregar!), para que o ‘sistema’ se
afunde de vez e possamos, finalmente, renovar a atmosfera putrefacta em que o
futebol português tem vivido, e respirar um ar mais limpo.
A forma irrepreensivelmente séria como temos
jogado, e como ontem jogámos perante um valoroso Rio Ave, mostra que a equipa
do Benfica está pronta para responder aos desafios.
Esperamos que a ‘estrutura’ (do Presidente ao
roupeiro) se fortaleça e consolide ainda mais, para que o Benfica possa
continuar a crescer.
Os adeptos, esses estarão sempre prontos a
fazer o que estiver aos seu alcance para apoiar a equipa, por pouco que seja,
como ficar 10 horas à torreira do sol (alguns estiveram mais de 24 horas) para
arranjar um bilhete para a final da Liga Europa.
Esta época tem sido fantástica. Será
inesquecível se vencermos as duas finais que faltam. Mas não é o fim do
percurso. É apenas o recomeço!
PS: Belo, o jogo de
ontem, digno de uma final. Muito bem o Rio Ave que lutou táctica, técnica e
fisicamente o melhor possível. Grande atitude da nossa equipa que, depois de uma
certa surpresa inicial, assentou e dominou o jogo até final.
Todos estiveram muito bem, sem excepção. Os
jornalistas presentes elegeram o Rodrigo como o homem do jogo. Alguns órgãos de
comunicação evidenciaram o Luisão (grande capitão!). Eu realçaria o Rúben
Amorim, para além de um miúdo fantástico que temos entre os postes (um tal de
Oblak, conhecem?).
Vi o Rúben como último homem da linha
defensiva, vi o Rúben a fazer compensações, vi o Rúben a iniciar o processo
ofensivo, vi o Rúben a transportar a bola pelo centro do terreno, vi o Rúben a
carregar a bola pela faixa, vi o Rúben a penetrar na área, vi o Rúben a rematar
à baliza. Vi o Rúben!...
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