sexta-feira, 23 de maio de 2014

FERNANDO SEARA?... NÃO ME AGRADA NADA!!


Não gosto de Fernando Seara. Não o conheço pessoalmente, refiro-me, portanto e logicamente, à figura pública, sobretudo à que foi ganhando (a) vida nas televisões, à pala de ser do Benfica.

Nos tempos em que via programas de debate sobre desporto em que participava Seara, sempre me irritou a sua figura gelatinosa, sem personalidade, sem convicção, de coluna vertebral tenrinha, incapaz de defender o Benfica, tantas vezes a ser gozado e até humilhado pelo Pôncio Monteiro. De tal modo, que, pura e simplesmente, há muito deixei de ver programas em que o dito ‘representante’ do Benfica é o Seara. Não me interessa…

Os artigos que escreve no jornal A Bola, longos, maçadores, pretensamente sapientes, de uma equidistância calculista, absolutamente sem alma, pelo menos alma benfiquista, são outra das suas imagens de marca.

Neste contexto de figuras públicas, detesto o Fernando Seara na mesma medida em que gosto de Rui Gomes da Silva ou de Bagão Félix, e ADORO ABSOLUTAMENTE a Leonor Pinhão!

Mas, mesmo fora do futebol, a imagem pública de Seara é negativa. Os mandatos na Câmara de Sintra em que se limitou a deixar andar a barcaça, tratando da vidinha, são outro exemplo.

É evidente que tudo isto são estados de alma e apreciações subjectivas, que podem perfeitamente ser injustas.

No entanto, há duas questões, muito objectivas, que fundamentam a minha reprovação e desconfiança relativamente a Fernando Seara.

A primeira, é o facto de ele ter sido um defensor da construção de um estádio comum com o Sporting. Para aqueles que não se lembram, no âmbito da discussão sobre a construção dos novos estádios para o Euro 2004, colocavam-se várias hipóteses. As duas principais eram requalificar o antigo estádio ou construir um novo estádio de raiz. Seara, num momento, é certo, em que o Benfica estava na fossa e com grandes dificuldades financeiras, era um dos que defendiam, convictamente, uma terceira alternativa que era a demolição do estádio antigo e a construção de um novo estádio em parceria com o Sporting. Dava como principais razões questões de ‘racionalidade económica’, defendendo que também em Itália Milão e Inter partilham o mesmo estádio, sem que tal afecte a identidade dos clubes.

Esta posição, constituiu, para mim, uma pedra de toque, para avaliar o Seara. Por um lado, como demonstração de enorme incompreensão sobre a dimensão sociológica do futebol, em geral, e do Benfica, em particular. Por outro, enquanto dimensão correlativa da anterior, como expressão de pobreza de alma e falta de coração benfiquista.

Defender um estádio comum com um rival ancestral é não ter a mínima noção da profundíssima importância da dimensão territorial na formação das identidades de grupo.

O elemento central do futebol são os jogadores, a equipa e, obviamente, os jogos, os confrontos. Porém, a esta dimensão central e fundadora, rapidamente se foi associando, com importância crescente, a dimensão territorial. Um ‘campo’, um estádio a que chamamos ‘nosso’, é o nosso território, a nossa casa. A construção do ‘Nós’, que começa na nossa partilha com a equipa e as suas glórias, materializa-se, no espaço do nosso território, e, no tempo, na construção das memórias e na preservação dos valores.

O Estádio é um repositório concreto e simbólico de tudo isto. Porque permanece no espaço, materializa as memórias e os valores, de forma permanente. Porque é o nosso território, dá-nos força e confiança. Porque é a nossa casa, dá-nos a união, o afecto e a partilha!

E, no Benfica, tudo isto assume ainda maior importância. Basta evocar a enorme saga de luta e esforço, mas também de orgulho e conquista, que está plasmada na história da construção dos nossos estádios!...

Um estádio comum com o Sporting era o esboroar de tudo isto, de forma quase irreparável.

Nunca poderei deixar de admirar Luís Filipe Vieira e, sobretudo, Mário Dias, por terem percebido isto, talvez de forma mais instintiva do que racional, porque têm coração benfiquista! A eles, principalmente, devemos ter-se evitado esta tragédia!

A segunda questão objectiva que me faz desconfiar de Fernando Seara são as inequívocas ligações com o sistema! Nada tenho a censurar o facto de Seara ter amigos no Futebol Clube do Porto. É que eu distingo o FCP do pintismo e do sistema (tal como distingo o Sporting, por exemplo, de João Rocha, da lagartice). O meu pai, há muito desaparecido do mundo dos vivos, passou grande parte da sua juventude no Porto e era simpatizante do FCP. Mas não do pintismo. Muitas vezes me disse que as vitórias do pintismo ainda seriam, um dia, pagas amargamente pelo FCP.

O que eu censuro a Seara é a sua ligação com o pintismo e o oliveirismo!

Abreviando. O Sport Lisboa e Benfica nunca poderá dar o seu apoio a Fernando Seara para a presidência da Liga, a não ser que este se comprometa, com toda a clareza, a não desistir da denúncia contra a Olivedesportos na Autoridade da Concorrência, e continuar a lutar para acabar com o monopólio e situação de abuso de posição dominante que tem sido uma pedra angular na sustentação financeira e ‘política’ do sistema, como forma de pressão, chantagem e factor de arregimentação e dependência dos clubes da primeira e segunda liga.

Mas, mesmo nestas condições, preferia outro candidato!

Não se falava em Rui Gomes da Silva?

1 comentário:

  1. Obrigar o seara a cuspir no prato onde come?
    tá bem, tá!
    Rui Gomes da Silva seria pôr álcool na fogueira, mas alguém que, apesar de ser Benfiquista (não Benfiquinha como o seara!) soubesse defender os clubes no seu todo, seria o correcto!
    E em momento algum prejudicaria o seu Clube!

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