Não gosto de Fernando Seara. Não o conheço
pessoalmente, refiro-me, portanto e logicamente, à figura pública, sobretudo à que
foi ganhando (a) vida nas televisões, à pala de ser do Benfica.
Nos tempos em que via programas de debate
sobre desporto em que participava Seara, sempre me irritou a sua figura
gelatinosa, sem personalidade, sem convicção, de coluna vertebral tenrinha,
incapaz de defender o Benfica, tantas vezes a ser gozado e até humilhado pelo
Pôncio Monteiro. De tal modo, que, pura e simplesmente, há muito deixei de ver
programas em que o dito ‘representante’ do Benfica é o Seara. Não me interessa…
Os artigos que escreve no jornal A Bola,
longos, maçadores, pretensamente sapientes, de uma equidistância calculista, absolutamente
sem alma, pelo menos alma benfiquista, são outra das suas imagens de marca.
Neste contexto de figuras públicas, detesto o
Fernando Seara na mesma medida em que gosto de Rui Gomes da Silva ou de Bagão
Félix, e ADORO ABSOLUTAMENTE a Leonor Pinhão!
Mas, mesmo fora do futebol, a imagem pública
de Seara é negativa. Os mandatos na Câmara de Sintra em que se limitou a deixar
andar a barcaça, tratando da vidinha, são outro exemplo.
É evidente que tudo isto são estados de alma
e apreciações subjectivas, que podem perfeitamente ser injustas.
No entanto, há duas questões, muito
objectivas, que fundamentam a minha reprovação e desconfiança relativamente a
Fernando Seara.
A primeira, é o facto de ele ter sido um
defensor da construção de um estádio comum com o Sporting. Para aqueles que não se
lembram, no âmbito da discussão sobre a construção dos novos estádios para o
Euro 2004, colocavam-se várias hipóteses. As duas principais eram requalificar
o antigo estádio ou construir um novo estádio de raiz. Seara, num momento, é
certo, em que o Benfica estava na fossa e com grandes dificuldades financeiras,
era um dos que defendiam, convictamente, uma terceira alternativa que era a
demolição do estádio antigo e a construção de um novo estádio em parceria com o
Sporting. Dava como principais razões questões de ‘racionalidade económica’,
defendendo que também em Itália Milão e Inter partilham o mesmo estádio, sem
que tal afecte a identidade dos clubes.
Esta posição, constituiu, para mim, uma pedra
de toque, para avaliar o Seara. Por um lado, como demonstração de enorme incompreensão
sobre a dimensão sociológica do futebol, em geral, e do Benfica, em particular.
Por outro, enquanto dimensão correlativa da anterior, como expressão de pobreza
de alma e falta de coração benfiquista.
Defender um estádio comum com um rival
ancestral é não ter a mínima noção da profundíssima importância da dimensão
territorial na formação das identidades de grupo.
O elemento central do futebol são os
jogadores, a equipa e, obviamente, os jogos, os confrontos. Porém, a esta
dimensão central e fundadora, rapidamente se foi associando, com importância
crescente, a dimensão territorial. Um ‘campo’, um estádio a que chamamos ‘nosso’,
é o nosso território, a nossa casa. A construção do ‘Nós’, que começa na nossa
partilha com a equipa e as suas glórias, materializa-se, no espaço do nosso
território, e, no tempo, na construção das memórias e na preservação dos
valores.
O Estádio é um repositório concreto e simbólico
de tudo isto. Porque permanece no espaço, materializa as memórias e os valores,
de forma permanente. Porque é o nosso território, dá-nos força e confiança.
Porque é a nossa casa, dá-nos a união, o afecto e a partilha!
E, no Benfica, tudo isto assume ainda maior importância.
Basta evocar a enorme saga de luta e esforço, mas também de orgulho e conquista,
que está plasmada na história da construção dos nossos estádios!...
Um estádio comum com o Sporting era o
esboroar de tudo isto, de forma quase irreparável.
Nunca poderei deixar de admirar Luís Filipe
Vieira e, sobretudo, Mário Dias, por terem percebido isto, talvez de forma mais
instintiva do que racional, porque têm coração benfiquista! A eles, principalmente, devemos
ter-se evitado esta tragédia!
A segunda questão objectiva que me faz
desconfiar de Fernando Seara são as inequívocas ligações com o sistema! Nada tenho
a censurar o facto de Seara ter amigos no Futebol Clube do Porto. É que eu
distingo o FCP do pintismo e do sistema (tal como distingo o Sporting, por exemplo,
de João Rocha, da lagartice). O meu pai, há muito desaparecido do mundo dos
vivos, passou grande parte da sua juventude no Porto e era simpatizante do FCP.
Mas não do pintismo. Muitas vezes me disse que as vitórias do pintismo ainda seriam,
um dia, pagas amargamente pelo FCP.
O que eu censuro a Seara é a sua ligação com
o pintismo e o oliveirismo!
Abreviando. O Sport Lisboa e Benfica nunca
poderá dar o seu apoio a Fernando Seara para a presidência da Liga, a não ser
que este se comprometa, com toda a clareza, a não desistir da denúncia contra a
Olivedesportos na Autoridade da Concorrência, e continuar a lutar para acabar
com o monopólio e situação de abuso de posição dominante que tem sido uma pedra
angular na sustentação financeira e ‘política’ do sistema, como forma de
pressão, chantagem e factor de arregimentação e dependência dos clubes da
primeira e segunda liga.
Mas, mesmo nestas condições, preferia outro
candidato!
Não se falava em Rui Gomes da Silva?
Obrigar o seara a cuspir no prato onde come?
ResponderEliminartá bem, tá!
Rui Gomes da Silva seria pôr álcool na fogueira, mas alguém que, apesar de ser Benfiquista (não Benfiquinha como o seara!) soubesse defender os clubes no seu todo, seria o correcto!
E em momento algum prejudicaria o seu Clube!