quarta-feira, 30 de abril de 2014

Revelações sobre a verdadeira identidade do ‘Manel’


Afinal, quem é o ‘Manel’?

Se estão a pensar no jogador ‘A’, ‘B’, ou ‘C’, não acertaram.

O ‘Manel’ não é nenhum jogador em particular, é uma configuração superior de vontades e estados de alma.

Quando o todo ganha identidade e se torna qualitativamente diferente e maior do que as partes, atinge o estado de ‘Manel’.

Há fantásticos ‘manéis’ na natureza, como, por exemplo, as colónias de formigas ou colmeias de abelhas. Ele há rainhas, obreiras, soldados, com habilidades, capacidades e competências diferentes, mas o colectivo é o ‘Manel’, e o ‘Manel’ está em cada um. Quando uns caem outros avançam!

Escreveu o André Gomes no Instagram: “Seguimos mais fortes para os nossos objectivos. A nossa família é isto mesmo, salvamos a pele uns dos outros! Momentos únicos como estes fortalecem-nos cada vez mais”. É o ‘Manel’!

Quando os jogadores alinharam, sentida e orgulhosamente, com o nome de Eusébio no equipamento, logo por baixo (não repararam!?) estava o nome ‘Manel’.

Um país inteiro, em dor, com a morte de Eusébio? É o ‘Manel’!

Dez contra onze, e toma lá!? É o ‘Manel’!

Um topo do estádio: ‘Benfiiiicaa!...’ O outro topo: ‘Benfiiiicaa!...’. ‘Tudo a saltaaar’, ‘Tudo a saltaaar’… É o ‘Manel’!

A equipa a parar, por momentos, a ouvir e sentir os cânticos, a galvanizar-se e a acelerar... É o ‘Manel’!

Aquele adepto, aos saltos, no Marquês, com ar patusco, enfiado numa camisola do Benfica, enrolado numa bandeira do Benfica, cabeça envolta num cachecol do Benfica, coroada com um boné do Benfica, era o Jorge Jesus? Estou pronto a jurar que era o ‘Manel’!

E viram o Presidente, na final da Youth League, a descer ao terreno, a levantar os miúdos do chão e a formar com eles uma roda de abraços de solidariedade e afirmação? Ah ganda ‘Manel’!

Juventus/Conte/Platini/UEFA, com manobras para desestabilizar a equipa, em geral, e o Enzo, em particular? Pobres tolos, ninguém lhes disse que quem vai jogar amanhã é o ‘Manel’?!!

O ‘Manel’, que vai dedicar a passagem à final ao Gran Torino que a tragédia de Superga (faz, dia 4 de Maio, 65 anos) não matou, mas imortalizou!

Meus amigos, o ‘Manel’ é cada um de nós e é o NÓS que somos todos!

O ‘estado’ de ‘Manel’ é muito difícil de alcançar e ainda mais difícil de conservar. Mas, agora que existe, vivamo-lo e desfrutemo-lo, elevemo-lo o mais alto possível, nas asas da águia ‘heráldica e suprema’!

Termino, com a revelação da identidade completa do ‘Manel’: ‘Manel’ de SLB E Pluribus Unum.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Força rapazes! É fundamental, para o reequilíbrio do cosmos, que eu vá a Turim ver a final com os meus próprios olhos!


O primeiro jogo que vi, do Benfica, foi a final da Taça dos Campeões Europeus da época de 1964/1965, era eu um garotito.

Na minha terra, na província, eram ainda poucas as pessoas com televisão em casa (na minha, só entraria no ano seguinte, a tempo do Mundial de Inglaterra). O pessoal ia ver televisão aos cafés, clubes e, por vezes, até nas montras das lojas.

Vi a final num dos clubes da terra. Mas, de tudo o que se passou restam apenas duas cenas na minha memória. A primeira é a sala, repleta, o ambiente pesado de tensão e fumo de tabaco, a obscuridade. Na altura via-se televisão como quem via cinema. Num espaço próprio (a “sala da televisão”), o aparelho de TV na parede, filas de cadeiras, sala levemente iluminada com pequenas luzes de presença.

A segunda cena é o golo do Inter, com a sacana da bola a ganhar vida própria e a escapulir-se, lenta, provocatória, execrável, inexorável e fatalmente, por entre as pernas do Costa, até ultrapassar a linha de baliza.

Depois disso, vi todas as outras finais europeias pela televisão, quase sempre com acontecimentos estranhos ou enguiços a desgraçar cada uma delas, desde o golo falhado por Eusébio, isolado (impossível…), à beira dos 90’, em 1968 com o Manchester, até à cabeçada de Inanovic, aos 90+2’ no ano passado com o Chelsea.

Ah e tal, a maldição do Béla Guttmann, e mais não sei quê. Peço desculpa, mas justificações desse tipo relevam do pensamento mágico e eu sou um tipo racional, vá lá ver!

Vamos a factos concretos. Considerando que a primeira final perdida, em 1963, foi um acontecimento normal, porque não se pode ganhar sempre, há três factos evidentes e objectivos comuns a todas as outras finais: 1) foram perdidas; 2) houve ali coisas estranhas; 3) eu vi os jogos pela televisão.

Perante isto, o meu espírito racional diz-me que não pode deixar de haver nexos de causalidade entre estas três realidades.

Tive um velho professor de filosofia que costumava dizer que ‘o génio do sábio se exprime na formulação da hipótese’.

Ora bem, então, a minha hipótese é a seguinte.

Sou um tipo com tendência para acumular electricidade estática (às vezes quando meto a chave na fechadura até salta faísca). Esta energia cria um enorme campo que entra em impedância com as ondas electromagnéticas das emissões televisivas, originando poderosas reverberações psico-cósmicas e evidentes distorções no espaço-tempo, com efeitos perversos (em termos de antimatéria) no centro do Universo, isto é, no Sport Lisboa e Benfica.

Nas minhas cogitações, apenas encontro duas soluções científicas para este problema.

Uma é ‘regressar ao futuro’ e intervir nas finais, contrabalançando as distorções criadas.

Ora, para além dos evidentes riscos para o equilíbrio cósmico (até porque me cheira que as finais futuras serão frequentes), confesso que não tenho dinheiro para comprar e equipar um DeLorean e, mesmo que tivesse, já não conseguiria introduzir as modificações necessárias a tempo da final de Turim, mesmo com a ajuda do ‘Doc’ Emmett…

Resta, portanto, a segunda solução, aliás, bastante mais simples: eu ver o jogo ao vivo e não pela televisão!

Esta ideia já me tinha trespassado o cérebro no ano passado, aquando da final com o Chelsea. Estive para ir a Amsterdão mas, coisa daqui, coisa dali, a viagem acabou por não acontecer, e lá tive que ver pela televisão.

Ainda tentei encontrar um boné com ventoinha, tipo Professor Pardal, numa tentativa desesperada de evitar ou, pelo menos, mitigar, as impedâncias, mas não consegui, e foi o que se viu…

Lanço, portanto, daqui, um apelo pungente aos nossos bravos. Rapazes: ‘honrai os azes que nos honraram no passado’ e eliminem-me essa Juventus! É fundamental, para todos nós e para o reequilíbrio do cosmos, que eu possa ir a Turim ver a final com os meus próprios olhos!

segunda-feira, 28 de abril de 2014

JARDEL, PARA SEMPRE!


Poucas horas antes da meia-final da Taça da Liga, escrevi aqui que “Sejam quais forem os jogadores escolhidos para alinharem, hoje, no Dragão, temos equipa com qualidade técnica e táctica para vencer, desde que haja atitude!”.

Escrevi também que “Tão ou mais importante do que chegar à final da Taça da Liga, é ganhar, definitivamente, a convicção de que ganhar ao Porto é um resultado normal”.

Sinto uma enorme felicidade por a equipa ter correspondido ao que esperava dela!

Devo, porém, ser sincero, e confessar que quando escrevi “Sejam quais forem os jogadores” houve um que não me passou pela cabeça que pudesse vir a jogar: o Steven Vitória. Não pretendo por em causa os atributos e qualidades de Steven, apenas quero sublinhar que Jesus errou ao colocar em campo, num jogo decisivo, um jogador que não tinha minutos, ao contrário de Jardel que tem vindo a ser chamado e a rodar regularmente com a equipa.

Jesus arriscou em demasia e acabou por ter sorte. Mas convém não abusar da sorte porque ainda não acabou a época e podemos precisar dela.

Também não gostei de ver Jesus não resistir a enfunar o ego quando, na conferência de imprensa, respondendo a uma questão sobre a superação do medo de jogar com o Porto, disse qualquer coisa do género ‘vejam o que era o Benfica com o Porto antes de eu chegar e o que tem sido nos últimos anos’.

Mas adiante, não quero perder mais tempo com este assunto (já me referi ao tema em posts anteriores), prefiro antes exaltar o que de mais importante se passou hoje.

Uma equipa sem medo, com enorme querer e grande crença, grande solidariedade, qualidade e organização defensiva, depois da saída de Steven e, sobretudo, na segunda parte, após as correcções posicionais necessárias (aqui sim, enorme mérito de Jesus).

Os jogadores estiveram muito bem. Sulejmani e Ivan Cavaleiro lutaram até à exaustão, os dois Andrés estiveram fantásticos, Amorim regressou em alta, grande esforço de Cardozo, Garay, Enzo e Siqueira estiveram ao seu nível, Oblak impecável (Jorge Jesus, na próxima 5ª feira preferia que jogasse Oblak…).

Mas permitam-me erguer, hoje, a bandeira de Jardel e prestar-lhe um tributo especial.

Jardel provou, se é que ainda havia dúvidas, que é um grande central e um enorme jogador. Um jogador à Benfica!

Jardel é o guerreiro dos guerreiros. Enorme capacidade de luta, entrega, entusiasmo, coragem e dádiva que dão confiança e contagiam a equipa!

Já jogou de cabeça aberta, protegido por uma touca de natação, qual capacete à Afonso Henriques a que só faltava o Montante. Já jogou um jogo quase inteiro com a cara num bolo e o nariz rachado (que ainda o obriga a usar máscara) sem medo de meter a cabeça, e cumpriu (cumpre) sempre!

Que bem lhe ficou a braçadeira de capitão, recebida das mãos de Ruben Amorim.

Que bem esteve no penalti, e no abraço e palavras de incentivo a Oblak que o ajudaram, por certo, a defender o penalti seguinte!

Que bem esteve na conferência de imprensa, ao afirmar que a grande época que a equipa está a fazer vem na continuidade da anterior, ao dedicar a vitória ao Steven, ao distribuir, finamente, farpas pela Direcção do FCP, ao lembrar que ‘os dirigentes do Porto não devem estar tristes, uma vez que, para eles, a Taça da Liga não tem importância’…

Grande Jardel. És dos nossos!

Jardel no Benfica, Para Sempre!

domingo, 27 de abril de 2014

Ganhar ao Porto tem que ser normal


Sejam quais forem os jogadores escolhidos para alinharem, hoje, no Dragão, temos equipa com qualidade técnica e táctica para vencer, desde que haja atitude!

Tão ou mais importante do que chegar à final da Taça da Liga, é ganhar, definitivamente, a convicção de que, tal como acontece nos jogos com o Sporting, ganhar ao Porto é um resultado normal, ainda que, como em qualquer jogo, a vitória possa não acontecer.

Abrir um novo ciclo de vitórias e hegemonia desportiva não será possível sem que esta atitude/convicção seja entranhadamente assumida pela equipa, treinador, todos nós!

sexta-feira, 25 de abril de 2014

E pluribus unum, duas vezes em Turim!


1. O que mais temia - um Benfica pouco capaz de contrariar a perfeição táctica da Juventus – não aconteceu. A equipa lutou muito, e quase sempre bem!

2. Podemos criticar as teimosias de Jesus (insistência em Artur, por exemplo), mas é inegável a sua mestria na estruturação e condução da equipa.

3. As forças faltaram um pouco na segunda parte, porque a Juventus obrigou a correr muito, mas houve muita raça, antes e depois do empate, e André Almeida, Lima e Ivan recarregaram muita energia (é tão bom, finalmente, ter um banco com tanta qualidade e soluções).

4. A jogada do 2-1 e a finalização do Lima são um hino ao futebol (mais um)!

5. Que grande Luizão! Enorme Garay! A melhor dupla de centrais de Europa!

6. A equipa está muito personalizada, com um grande carácter, muita vontade e capacidade de luta. A festa de Domingo pode ter tirado algumas forças, mas não retirou concentração nem ambição. Não desligaram o botão, a prova está dada.

7. O Jogo com o Porto, no Domingo, não é para avacalhar, é para levar muito a sério, está em causa a dignidade do SLB. Mas a prioridade é a Liga Europa, a melhor equipa deve ser salvaguardada para Turim. Porém, quem jogar com o Porto, seja a equipa A, B ou C, deve deixar a pele em campo! Se o fizer, podemos metê-los ao fundo.

8. Tomem nota do que eu digo: o Tacuara ainda vai ter o seu momento e dar-nos grandes alegrias, esta época (está escrito nos astros…).

9. Estádio quase cheio, grande onda vermelha, grande comunhão entre a equipa e os adeptos!

10. E pluribus unum, duas vezes em Turim!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Jesus, a Páscoa e Pascal


Podem estar descansados, vou tentar não entrar num jogo de trocadilhos fáceis em torno dos Jesus e das suas ‘paixões’. Pretendo sobretudo discorrer um pouco sobre a vida de Jesus (o Jorge) no Benfica e indagar até que ponto tem vindo a evoluir com a experiência no Templo, ou seja, na Catedral.

Comecemos por recorrer a Pascal, não o adjectivo relativo a Páscoa, mas Blaise Pascal, homem de ciência, filósofo e teólogo do século XVII.

Numa conferência de imprensa, em Março do ano passado, Jesus brandiu perante os jornalistas uma citação de Pascal, fornecida pelo amigo e mentor, filósofo e epistemólogo do desporto, Manuel Sérgio: “O coração tem razões que a razão não entende”.

Vinte e sete anos mais novo que Descartes, vivendo num século em que a luta pelo estatuto e afirmação do poder da razão atingiu um dos pontos mais altos, Pascal, matemático e homem de ciência, não negava o poder e a necessidade da razão, nomeadamente no conhecimento das leis da natureza, mas foi um dos primeiros a afirmar os limites da razão e a importância do ‘coração’, sobretudo no conhecimento das coisas humanas.

Pascal designava o conhecimento racional, demonstrativo, de esprit de géométrie (espírito de geometria) e o conhecimento pelo ‘coração’ de esprit de finesse (espirito de finura, sagacidade).

Para Pascal o ‘coração’, o esprit de finesse, não abrange apenas as emoções e sentimentos, mas também uma certa forma de conhecimento intuitivo, de sagacidade. Se o esprit de géométrie conhece pelo raciocínio, o esprit de finesse conhece pela compreensão.

Estas questões são de grande actualidade e são tema de proa na investigação moderna, designadamente nas neurociências, onde pontifica o investigador português António Damásio (O Erro de Descartes, O Conhecimento de Si, O Livro da Consciência).

Tudo isto vem a propósito, não apenas por Jesus ter citado Pascal, mas sobretudo pelo facto de Jorge Jesus assumir que procura integrar razão e emoção na sua ‘ciência’ do treino de futebol.

Na palestra que fez na Faculdade de Motricidade Humana, também em Março do ano passado, Jesus quis sublinhar a sua condição de autodidata e criador da sua ‘ciência’ do futebol.

Esta ‘ciência’ assenta em cinco fundamentos (“Fui eu que os criei”, afirmou Jesus): Criatividade, Saber Operacionalizar, Liderança, Organização, Paixão.

Nestes fundamentos, razão e emoção estão sempre presentes. Mesmo no ponto da Organização, da ‘estrutura’, que inclui o departamento médico, Jesus não deixou de afirmar que, nalguns casos, mesmo quando as análises clínicas (científicas) apontam para o facto de um jogador poder estar fatigado, ele pode decidir pô-lo a jogar quando a observação que faz dele e a disposição que apresenta demonstram que pode render em campo.

Jesus afirmou também ser um ‘homem de convicções’. Alguns chamam-lhe teimoso, mas não é teimosia, diz, é convicção. Não adapta o modelo de jogo às características dos jogadores, são estes que têm que adaptar-se ao seu modelo de jogo.

Esta palestra mostrou um Jorge Jesus inteligente, profundamente conhecedor do futebol e da metodologia de treino, alguém que sente que subiu a pulso, à custa de si próprio e do seu trabalho.

Mas mostrou também alguém com um enorme ego, alimentado pela convicção do seu saber e dos méritos do seu trabalho e conhecimentos sobre futebol.

Nessa altura do ano, Jesus estava na crista da onda, algumas semanas depois, Jesus ajoelhava no estádio das Antas, num gesto que exprimiu e pressagiou o crescendo de tragédia que se seguiria até final da época.

Foi azar? Foi 'castigo de Deus'? Foram (apenas) as manobras do ‘sistema’?

Não. Tanto na época passada como nas épocas que se seguiram à conquista do primeiro campeonato, Jesus mostrou que afinal não dominava o esprit de finesse. Sobretudo, que não fora capaz de aplicar o esprit de finesse à análise de si próprio e das suas limitações: a arrogância, o autoconvencimento, insuficiências de liderança, teimosia muito para além das convicções, e sobretudo que, por muito grande que seja o seu ego, o Sport Lisboa e Benfica é intocável e infinitamente maior.

Na palestra que fez na FMH, Jesus, pela mão de Manuel Sérgio, também citou Lenine: “A prática é o critério da verdade” (Lenine costumava utilizar outra expressão mais prosaica e a vários títulos ‘deliciosa’: “A melhor maneira de provar que o bolo existe, é comê-lo!”).

A tragédia da época passada foi a maior prova de verdade que Jesus podia ter enfrentado. Suficientemente forte para fazer abalar a sua estrutura e obrigá-lo a colocar-se em causa? Jesus aprendeu com a lição?

Penso que sim, e que continua a aprender. Jesus foi obrigado a apurar o seu esprit de finesse. Alterou métodos, redinamizou a equipa, introduziu maior realismo e respeito pelos adversários, reforçou a liderança junto dos jogadores, fez progressos no sentido de perder o medo de jogar com o Porto, embora ainda tenha que melhorar neste aspecto.

E, mesmo com algumas recaídas graves, como o empurrão ao Benfica, na pessoa do Senhor Shéu Han, Jesus vem mostrando ter, finalmente, percebido toda a enorme dimensão do SLB, que está muito para além dele e que lhe permitiu subir ao patamar em que se encontra.

Talvez a morte de Eusébio e Coluna tenham também contribuído neste sentido. Mas o Jesus que eu vi no Marquês, saltando na festa, dentro de uma camisola do Benfica, cachecol enrolado na cabeça e boné, numa imagem chã e comum de um adepto como nós, deixa-me muito esperançado.

E assim chegamos ao Domingo de Páscoa, dia 20 de Abril de 2014, dia do 33º! (ao que dizem, 33 era a idade de Jesus, o outro).

Terá Jesus (o Jorge) ressuscitado neste dia de Páscoa? Não, não ressuscitou, pela simples razão de Jesus (o Jorge) não ter sido ‘crucificado’ nem ter ‘morrido’, porque Luís Filipe Vieira (com liderança e esprit de finesse!) não se prestou ao papel de Pôncio Pilatos.

E ainda bem que não houve ressurreição porque, então, teria que haver ascensão aos céus, e não é caso para tanto, para além de ficarmos sem treinador.

Muitas provas de verdade estão ainda pela frente. A primeira delas é já amanhã, frente à Juventus.

Sejam quais forem os resultados, a minha esperança é que estejam finalmente criadas condições para construir um Benfica muito forte, unido (união não é a-criticismo e unicidade, é: E Pluribus Unum!), com esprit de géométrie e esprit de finesse (e muita, muita paixão!).
 
Se assim for, então talvez este 20 de Abril de 2014 simbolize também (não como a páscoa cristã, mas como a original páscoa judaica) a libertação do jugo da opressão, neste caso do sistema corrupto do ‘faraó’ da fruta.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

COMUNHÃO!


 

Comunhão, partilha da felicidade e glória, comum e universal, são os símbolos e expressão da tarde-noite do 33º!

Comunhão entre adeptos e equipa, treinador, equipa técnica, Presidente, Direcção. Jogadores e antigos jogadores.

Comunhão entre os vivos e ‘os que da lei da morte se libertaram’, representados pelos nossos ‘Rei’ Eusébio (a tua sentida dedicatória fala bem por ti, Tacuara!) e Senhor Coluna, o ‘Monstro Sagrado’ (permitam-me convocar também esse enorme José Torres, o ‘Bom Gigante’).

Comunhão entre homens e mulheres, novos e menos novos, entre raças e credos.

Comunhão entre portugueses e não portugueses, sobretudo nos países africanos de expressão portuguesa! (lembro-me sempre do nosso António Lobo Antunes: “Quando o Benfica jogava, púnhamos os altifalantes virados para a mata e, assim, não havia ataques (…). Até o MPLA era do Benfica”).

Comunhão entre Lisboa, o país, o mundo (e mais houvera).

Confesso que, do jogo de ontem, apenas me lembro dos golos e da ansiedade, quase palpável, que nos envolvia a todos, do campo às bancadas. Este jogo era quase um não-jogo, simultaneamente um pretexto e uma provação necessária para aceder à Glória anunciada, e desencadear esse enorme e fraterno abraço que envolveu o Universo benfiquista.

E pluribus unum!
 
A festa foi linda, mas há muito mais para conquistar!

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Enzo Pérez, o jogador que vive por dentro do Sonho


Este blogue é filho da noite de ontem, uma das mais épicas dos últimos anos, em que tantos dos elementos que constituem a essência do Benfica e do Benfiquismo foram convocados, deixando marca indelével na nossa memória.

O querer, a raça, a coragem, a dádiva, a comunhão, obrigaram a verdade e a justiça a comparecer e estar do nosso lado. Assim, sim! O horizonte só pode ser Vermelho!

Muito poderia contar dos nossos guerreiros, da raça de Jardel e Maxi, da magia de Gaitán, da arte e poder de Salvio, da inteligência e agilidade de Rodrigo, da afirmação do menino André Gomes, ao assumir a intensidade de jogo que pode elevar a sua enorme inteligência e técnica a voos altíssimos…

Mas queria, sobretudo, dedicar este texto ao jogador do Benfica que neste momento mais admiro: Enzo Pérez!

Enzo é um jogador raro, cada vez mais raro…

Não ‘apenas’ pela enorme inteligência, coragem, solidariedade, lealdade, raça, técnica, visão de jogo. Enzo é raro porque é um jogador que vive por dentro do sonho, o Sonho do Futebol, como acontecia com o nosso grande Eusébio.

Para Enzo, o futebol não é um mero meio para enriquecer, ganhar fama, obter regalias e conquistas da mais diversa índole. Para Enzo, o futebol constitui o espaço e o tempo da própria vida, tão fundamental como respirar, tão importante como amar.

Enzo não vive para o futebol ou com o futebol. Enzo é o futebol, a equipa, a multidão e cada um dos adeptos, a bola, o golo, a camisola!

Enzo habita no Sonho do Futebol, mesmo quando este se transforma em pesadelo, como na época passada.

Por isso Enzo sofre e chora com as adversidades, engole as lágrimas com raiva, exulta de forma radiante (luz intensa/chama imensa, no olhar) com a glória e os sucessos da equipa, respira com os adeptos (viram como ele levantou e abraçou o adepto que invadiu o campo e se rojou pelo chão direito a ele?!), o seu coração batendo em sintonia com o nosso.

Hoje compreendo porque o Enzo dos primeiros tempos não entrou bem no Benfica e regressou a casa. Não foi uma birra de ‘menino da mamã’, não. Enzo apenas consegue viver no Sonho e, naquele momento, não o encontrou. Como poderia ficar, sem viver?

Felizmente, para ele e para nós, entendeu (com a ajuda de Aimar e Saviola?) que o Benfica é um clube de Sonho, e onde os mais belos sonhos podem ser vividos. Voltou e soube construir o seu espaço de sonho, no Sonho. Enzo soube construir-se e afirmar-se como um sonhador à Benfica!

Salve Enzo! Que fiques por muitos e bons anos!