sexta-feira, 27 de junho de 2014

“Agora Falando Sério”


Foi-se a ilusão do samba, no fado triste, ‘jogado’, falado, nos cantos deste pobre quintal.

Tanto embuste, fruste, tanta manobra interesseira, e a culpa a morrer solteira…

A Selecção como pretexto.

Para o Gomes, um tacho na FIFA.

Para o Mendes, as negociatas.

Para o Ronaldo, a bota de ouro, a imagem, os contratos.

Para o Meireles, exibir as tatuagens.

Para a RTP, reduzir, desesperadamente, os prejuízos, montando um circo hiperbólico e lamentável em torno do altar do Deus Ronaldo.

E na Selecção como representação do futebol (sim, apenas do futebol) de um país, alguém pensou?

O Bento pôs à frente as fidelidades pessoais e formou uma equipa de ‘handicapados’.

O Jones pôs-se atrás dos ‘índices de suspeição lesional’, e lavou as mãos no ‘éter’.

Tanta falsa ilusão criada no espírito dos portugas espalhados por esse mundo fora…

O que fica desta ‘representação’?

Uma imagem de irrealismo, incompetência, incapacidade, fraqueza, disfuncionalidade.

E agora? Agora está tudo bem, é preciso que algo mude para que tudo fique na mesma…

 
Agora falando sério
Eu queria não mentir
Não queria enganar
Driblar, iludir
Tanto desencanto
E você que está me ouvindo
Quer saber o que está havendo
Com as flores do meu quintal?
O amor-perfeito, traindo
A sempre-viva, morrendo
E a rosa, cheirando mal

 
(Chico Buarque, Agora Falando Sério)



quinta-feira, 26 de junho de 2014

Perplexidades…


1. “A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, (…) informa que chegou a acordo com o FC Zenit para a transferência a título definitivo dos direitos desportivos e económicos do atleta Ezequiel Marcelo Garay Gonzalez, pelo montante de € 6.000.000 (seis milhões de euros) (…)”.

O Garay, do melhor que vi passar pelo estádio do Glorioso, que tinha uma cláusula de rescisão, baixíssima, de 20 milhões de euros?!...

Já li ‘éne’ teorias, mais ou menos elogiosas, acusatórias ou ‘calculistas’ sobre esta venda. Mas eu cá sou um pobre sócio, anónimo e ignorante, nada sei de teorias. Pago as quotazinhas, incluindo as modalidades, vasculho o fundo das algibeiras para comprar o meu cativo, apoio a equipa. Senhor Presidente, digníssima Direcção, agradecia uma explicaçãozinha, tão objectiva como o comunicado à cêémevêéme. Sem ofensa, desculpem qualquer coisinha, sim?...

2. A selecção já foi eliminada ou não? Confesso que ainda não percebi. É que eles andam a falar como se já tudo tivesse acabado, mas depois dizem que afinal ainda falta um jogo, e que há milagres, e estão cheios de ganas para o Gana… E o Pepe diz que, afinal, não deu nenhuma cabeçada porque, se tivesse dado, apanhava dois ou três jogos e a FIFA só lhe arrefifou um… E o ‘merda-reles’ afirma, solenemente, que, com o Gana, vão manter a mesma atitude que têm tido até aqui (o que é que raio isto quer dizer?)… Cá eu, nunca tinha visto um jogador a choinar no fresquinho do relvado, como o Burro Alves no segundo golo dos States…

E o Humberto Coelho (ó grande Humberto, como é que te prestas a esses papeis?!...) vem dizer que a FêPêFê não demite o Bento, mas não sabe se o Bento se demite. E o Bento diz que não se demite, e que sabe que a FêPêFê sabe que ele sabe que não se demite, mas ainda falta o Gana, e que depois vão-se sentar para conversar, mas não se demite, e ainda falta o Gana… O Bento bem queria, com estas declarações, por um ponto final na coisa. Mas logo os ‘comentadeiros’ e ‘jornaleiros’ desataram a teorizar sobre as diferenças conceptuais e semânticas entre ‘demitir-se’ e ‘pôr o lugar à disposição’… E ainda falta o Gana...

E o Jones a sair-se com aquela dos ‘índices de suspeição lesional’?! Xiça, esta malta sabe coisas tão complexas! Com estes termos caros como é que queriam que o Bento percebesse que os jogadores estavam em risco de cair que nem tordos?

E o Goâmes da FêPêFê, sempre escondido (parece o Madail), a mandar os outros chegar-se à frente. Deve andar ocupado com as faturas…

E outra coisa: quando são as folhas do Oliveiredo - Diário de Notícias, Jornal de Notícias e O Jogo - que estão na linha da frente da publicação de notícias anunciando e pressionando a demissão do Bento, não dá que pensar?!...

O Ronaldo, que queria fazer um grande mundial para terminar a época em cheio e fazer subir a sua cotação, disse que aos alemães até os comiam, e este era o mundial dos portugas. O Cristiano veio agora dizer que nunca lhe passou pela cabeça ganhar o mundial e que a equipa era limitadinha (grande capitão de equipa!), que ele táva ali a fazer o melhor pájudar (tão a ver, não é admirável?!), ele, que até podia nem ter ido ao Mundial, porque não táva bem, e até podia ter acabado a época com os troféus que tinha ganho, em vez de ir páli desgastar a sua imagem (lá baixou a cotação…). Tanto admiro o Ronaldo, como detesto o Cristiano… ou vice-versa…

3. Também estou perplexo comigo mesmo. O meu cérebro ainda não fundiu as impedâncias, com as performances das ‘mariazinhas’ da RTP no mundial. Há-as para todos os gostos. O Giuberrto, tipo ‘mariazinha’ sonsa (aposto que este moço teve uma infância difícil; devia ser um gorducho, de vozinha aflautada, a ensacar pancada na escola primária…). O Paulinho, tipo ‘mariazinha’ tonta, rainha das futilidades e baboseiras. O Taradeia, tipo ‘mariazinha’ monocórdica e obnóxia (em que é que os comentários do Taradeia se diferenciam de ruído de fundo: âabrrzzuurrezarreeveebzz?). Por cá, ficou o Albukerke (mas nem por isso fomos poupados), tipo ‘mariazinha’ histérica, com guinchinhos superlativos, cada vez que há uma jogada mais 'arrepiante'...

Andam todos de monco caído. Tinham montado um circo à volta do Ronaldo, para fazer subir as audiências e compensar a fortuna gasta pela RTP com as transmissões e as despesas da maltosa que enviou para o Brasil, mas a coisa saiu-lhes mal, e já devem andar apertados, a cortar nas despesas extraordinárias, e as férias a acabar mais cedo…

4. Será que o Suarez (não, não é esse...) também morde o cão?

Silly fucking season!



sábado, 21 de junho de 2014

Só se a equipa for esforçada, solidária e sem peneiras…


Esta selecção nacional não me entusiasma nada. Tem jogadores fracos, como o Ricardo Costa, ou vulgares, como o Bruno Alves e o Meireles, que só chegaram onde chegaram por terem vindo donde vieram, promovidos pela máquina do costume.

Na baliza, entre Patrício, Beto e Eduardo ainda prefiro este último. Lá na frente, nem vale a pena falar, e até simpatizo com o Postiga, como pessoa...

O que mais me aborrece, no meio de tudo isto, é o facto de a equipa ser incensada, como se tratasse de um conjunto de craques, e os próprios se comportarem como tal.

E o Ronaldo, único verdadeiro craque, nem sempre se percebe se a sua preocupação é a selecção (ou outra equipa onde jogue), enquanto tal, ou enquanto uma das vertentes da sua carreira (de futebolista e de imagem publicitária) que importa gerir cuidadosamente, porque os contratos são de muitos milhões…

Chamam-lhe a selecção do Mendes, mas não é por aí que me incomodo. Fossem quais fossem os jogadores, seriam sempre do Mendes, porque é o Mendes que tem o ‘poder’. Se, por milagre, estes jogadores fossem varridos e pusessem lá 11 ou 23 que não fossem do Mendes, uma semana depois eram todos do Mendes, porque ele ia lá ‘buscá-los’. Enquanto não acabarem com os Mendes e com os que estão por detrás dos Mendes, com baús de euros, dólares e rublos para ‘arejar’, pouco importa se são deste ou daquele.

Posto isto, acho que se a equipa for esforçada, solidária e sem peneiras, é possível vencer os EUA e, talvez, o Gana. Pelo que se viu hoje, se o Gana jogar como jogou com a Alemanha, um empate já será bom, esperando-se, depois, que a Alemanha não perca com os EUA…

Mas só com uma equipa capaz de assumir as suas debilidades e procurando colmatá-las, actuando compacta, se necessário atrás da linha da bola, de forma solidária, com todos e cada um a apoiar-se, com todos a assumir as suas responsabilidades e não endossando-as para o Ronaldo.

Com um Ronaldo sereno, a fazer o melhor que puder, sem passar o jogo a gesticular, com este porque falhou o passe, com aquele porque não lhe deu a bola, com o árbitro porque foi ‘mau’, com a relva porque cresceu ou 'fugiu', com a baliza porque se desviou, com o S. Pedro por ter inventado o(s) clima(s) do Brasil só para o lhe estragar a carreira.

Com um Ronaldo como um verdadeiro Capitão de Equipa, e não como Capital Marvel. Com um Ronaldo jogando e fazendo jogar. Com um Ronaldo que marca golos para a equipa, e não para exibir os músculos, de ícone publicitário, para o próximo vídeo promocional.

Se assim for, ou puder ser, então ainda há esperança…

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Nem com Mundial se calam…


Ainda acalentei esperanças (sem grande convicção, confesso) de que o Mundial e as múltiplas tendas de circo montadas à sua volta fornecessem ‘entretenimento’ suficiente para atrair e concentrar a atenção dos actores, fazedores de notícias e comentadores da nossa praça, deixando o Glorioso em paz, permitindo-nos suportar o ‘defeso’ sem maiores incómodos, que já bem basta o sofrimento de não vermos os nossos, de águia ao peito.

Também tinha esperança que Jorge Jesus, depois de ter dado várias entrevistas, de fundo e ‘meio-fundo’, finalmente se calasse e se dedicasse a preparar serenamente a próxima época.

Vãs esperanças…

Jesus, de novo transportado no ‘carro’ do Sol (do célebre Álvaro Sobrinho, que detém 24% da SAD do Sporting, e deixou ‘volatilizar’ mais de 5 mil milhões de dólares no BES Angola), lá debitou novamente ‘estórias’, em Angola. É claro que o jornal Sol, mais uma vez, vai fazer render o peixe duas semanas seguidas, uma, a anunciar, outra, a publicar a reportagem… A Bola aproveitou e já deu uns cheirinhos na edição de hoje. E o bom do Jesus lá falou de novo dos ‘éne’ convites para ganhar cinco ou seis vezes mais do que no Benfica, mas que não era o momento de sair, embora também não se veja como o Ferguson do Benfica, porque “Em Portugal isso é difícil, já estava a ser confuso para muita gente”. Nesta explicação, Jesus comparou Portugal com Inglaterra, mas não se lembrou de se comparar a si mesmo com Ferguson, e de encontrar aí algumas diferenças que, quiçá, também pudessem contribuir para a dita explicação…

Adiante.

Mas as minhas esperanças, vãs, assentavam, principalmente, no desejo de que o circo do Mundial e o futebol propriamente dito (que ainda resiste…), fossem suficientes para a gentalha dos jornais encher as capas e as folhitas.

Qual quê! A campanha em torno do Benfica estava há muito programada, com ou sem Mundial. A hecatombe da selecção portuguesa, e o ‘desaparecimento’ súbito e corajoso do ‘Capitão’ Marvel-Ronaldo (que levou o Patrício consigo - preservá-los, de quê e para quê/quem?) fez amainar o circo e ajudou a abrir espaço, e tem sido um ver se avias!

E, aqui, o jornal A Bola tem desempenhado um papel perfeitamente asqueroso! A forma, como, quase diariamente, de forma insistente e sistemática, se dedica a colocar fora do Clube os seus principais jogadores, ora para aqui, ora para acolá, está a ultrapassar todos os limites.

É evidente que esta campanha é alimentada e dirigida de fora, e não é por acaso: é direccionada sobretudo para A Bola, porque ainda continua a ser um jornal considerado como sendo da preferência dos benfiquistas.

Mas A Bola, hoje, não é mais do que uma pobre folha de couve. É com mágoa que o digo. Ainda sou do tempo da velha A Bola – Jornal de Todos os Desportos, compêndio de futebol, com Jornalistas (escrevo, propositadamente, com maiúscula) notáveis como Carlos Pinhão, Vítor Santos, Aurélio Márcio, Alfredo Farinha.

Num tempo, é certo, em que as transmissões televisivas ainda eram raras, era um gosto ler as crónicas dos jogos, autênticas narrativas, tantas vezes pictóricas, e não meras baboseiras ou bolsadas de lugares comuns, como hoje acontece.

Os artigos de opinião eram aprofundados e fundamentados, com excepções, evidentemente, e as notícias eram elaboradas com profissionalismo, com ética jornalística.

[Nunca me passou pela cabeça que o Alfredo Farinha fosse benfiquista, tal a sua isenção. Só depois de ‘reformado’ é que revelou as suas preferências clubistas e, como benfiquista, chegou a malhar forte e feio no Manuel Serrão, em programas de desporto na televisão. Isto mostra bem a cepa de que esta gente era feita].

Uma instituição, a velha A Bola. E como esta gente sabia escrever em excelente português! Também com excepções, claro. Lembro-me perfeitamente de algumas crónicas do ‘pequeno’ Rui Santos (o moço nunca foi ‘grande’, de facto), que, ainda jovem, entrara em A Bola pela mão do tio, o ‘grande’ Vítor Santos, e acompanhava os jogos dos juniores. As crónicas do ‘pequeno’ exibiam um português de uma pobreza confrangedora (a ortografia era, certamente, depurada pelos revisores, mas o resto era o diabo). Quando há uns anos atrás ouvi o ‘pequeno’ a mandar bitaites, sapientemente, sobre o mau português de Vieira e de Jesus, fartei-me de rir.

É claro que os tempos mudaram. A concorrência, a crise da imprensa escrita e o enorme desenvolvimento da internet, as transmissões televisivas, a penetração do ‘dinheiro’ no futebol, a hipertrofia da influência dos poderes económicos na comunicação, vieram colocar os media sob grande pressão e acabaram com a independência e a ética.

Mas nem isto explica a indigência, o facilitismo e a irrelevância. Em A Bola de hoje, por exemplo, dois jornalistas que ainda considero respeitáveis, José Manuel Freitas e José Manuel Delgado, enchem dois chouriços, a partir do Brasil, um a falar de vinhos e ou outro de cachaças…

Ou, se calhar, até têm razão…

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Bater em mortos, não…


Quase tudo esteve mal na selecção portuguesa. Mas ainda há muito caminho a percorrer. É possível jogar muito melhor e passar a fase de grupos, se os erros forem seriamente analisados e evitados futuramente, e se houver humildade para reconhecer as deficiências de qualidade da equipa e compensá-las o melhor possível.

A equipa esteve tensa? Mas porque é deixaram montar um autêntico circo à sua volta (à RTP só faltou transmitir em directo o Ronaldo na latrina)?! Porque é que deixaram construir, fácil e levianamente, a ‘convicção’ de que a equipa tinha estaleca para jogar de peito aberto frente à Alemanha, e até para ser campeã do mundo?

A arbitragem prejudicou a selecção portuguesa? Mas, não se prepararam para isso?!! A expulsão do Rui Costa contra a Alemanha foi assim há tanto tempo?! E, no fim de tantos jogos, neste campeonato, com tantos erros de arbitragem? Ainda se fosse o primeiro jogo! Depois do que se viu no jogo do Brasil e noutros, como é que se explica que o Pepe tenha feito o que fez? É só porque é burro? Isto é responsabilidade da liderança!

Mas, não foi o árbitro que falhou a cobertura, na jogada do penalti. Não foi o árbitro que levou o Bruno Alves e o Pepe a serem, simultaneamente, batidos, de cabeça, no segundo golo. Nem foi o árbitro que paralisou o cérebro do Bruno Alves no terceiro, ou forçou a dupla asneirada do Patrício no quarto…

E como é que se explica que os Alemães se tivessem adaptado melhor às condições climatéricas de Salvador da Baía?!!!

Jogámos com 10 jogadores grande parte do tempo? Jogámos com 10, desde início, e depois com 9, porque o João Pereira não existiu. Jogar sistematicamente e apenas para o Ronaldo que não está em condições físicas perfeitas?! Não se sabe que um meio campo com Veloso, Meireles e Moutinho não tem capacidade de condução de bola até à frente, o que é fatal em situações de desvantagem com equipas como a Alemanha?

A selecção portuguesa tem um grande jogador que é Ronaldo, e três bons jogadores: Nani, Moutinho e Fábio Coentrão. O resto são jogadores de mediana qualidade. É preciso reconhecer isto e jogar em conformidade.

Se não forem além das desculpas e ‘justificações’ então adivinham-se novas tragédias.

Se tiverem a capacidade de reconhecer e assumir os erros e as fraquezas, é possível recuperar a equipa para os jogos que se seguem.

Pior do que aconteceu hoje, penso que é difícil acontecer. Agora é reunir as forças e avançar de baixo para cima. É nos momentos difíceis que se vê o carácter das pessoas e grupos, e se testam as lideranças.

Será preciso trabalhar muito, um grande querer e união, deixar a pele em campo. Mas passar a fase de grupos ainda está ao alcance da equipa. Depois, é continuar a dar tudo por tudo!

sexta-feira, 13 de junho de 2014

O Benfica e as eleições na Liga


O Horizonte é Vermelho!’ tem apenas dois meses de existência. Já aqui foi dito, mas reafirma-se, para que fique bem claro: a única entidade a que este blog jura fidelidade, e de que é absolutamente indefectível, é o Sport Lisboa e Benfica, as suas memórias e os seus valores profundos, sincretizados, de forma suprema e sublime, no lema que os nossos fundadores souberam escolher: E pluribus unum!

Não seguimos, acriticamente, Presidentes, nem oposições. Todos passam, apenas o Benfica permanece. Apoiamos quando achamos que há razões para apoiar, criticamos quando consideramos dever criticar. Sempre, e só, com o intuito de defender o que pensamos ser o melhor para o Sport Lisboa e Benfica. O resto é conversa.

Posto isto, vamos ao tema em apreço: a posição do Benfica em relação às eleições da Liga, em particular, e à dita cuja, em geral.

E começo por dizer que para apoiar ou criticar algo ou alguém, as suas declarações, posições ou atitudes, é necessário compreendê-las. E, para tal, é necessário que haja comunicação, clareza, esclarecimento. A não existirem, resta fazer interpretações. Ora, o campo da ‘interpretação’ é um terreno movediço, propício à influência das ideias pré-concebidas, dos pré-juízos, da atribuição de intenções, etc. Quem não esclarece não pode queixar-se de ser mal interpretado…

Posto isto, não entendi, sinceramente, qual foi a posição do Benfica em relação às eleições para a Liga, nem qual é a posição actual em relação à mesma.

O Benfica esteve, ou não esteve, na génese de alguma das candidaturas, ainda que temporária e condicionalmente? Se sim, o que é que falhou, para o apoio não se concretizar?

Porque é que o Benfica, durante a campanha eleitoral não se pronunciou sobre as listas, explicitando o seu apoio, não apoio ou abstenção?

O comunicado do Presidente posterior às eleições, em vez de esclarecer, veio criar ainda mais pontos de interrogação. E subsistem bastantes.

Por que é que o Benfica não participou no acto eleitoral, votando em branco?

O que significa dizer que “Nestas eleições não houve vencedores nem vencidos”?

Quem é que procurou, com estas eleições “Ajustes de contas com o passado”? E quem que é que “Apenas viu neste acto eleitoral uma oportunidade de promoção pessoal sem qualquer outro projecto”?

O que significa dizer que Mário de Figueiredo, não sendo o culpado da situação a que se chegou, “Também poderia ter assumido uma atitude mais conciliatória”? Com quê? Com quem? Em que circunstâncias? Em que matérias?

O que significa dizer que “Chegados aqui e uma vez eleito o Dr. Mário de Figueiredo temos a obrigação de o ajudar, dando-lhe a oportunidade de com os clubes procurar uma posição conciliatória”? Idem, idem, aspas, aspas?

Já aqui elogiei o Presidente Vieira várias vezes e em relação a vários temas, desde a credibilização e reestruturação do Clube, até a atitudes positivas de liderança, passando pela Benfica TV. Mesmo na área do futebol, Vieira tem vindo a dar passos cada vez mais seguros.

Mas Vieira também tem aspectos menos positivos e criticáveis. Um deles é a sua aparente distanciação em relação aos sócios e adeptos. Vieira não confere importância particular à comunicação com os adeptos, ao explicar-se perante os adeptos. Para além de um imenso público-alvo para os produtos do clube, os adeptos parecem ser, para Vieira, apenas uma ‘massa’, a quem não vale a pena dar grandes explicações, porque não conhecem (nem podem conhecer) nem estão (nem podem estar) por dentro dos meandros, complicados, dos negócios e do futebol e, portanto, não podem, nem devem, saber tudo ou muitas coisas. Ou seja, para a ‘massa’ o que interessa são os resultados. No resto têm que seguir e confiar na Direcção.

Mas os adeptos do Benfica não querem só panem et circenses. Com pão e circo tem sido levada a massa adepta do Porto, há 30 anos, sob as cortinas de fumo do regionalismo ‘anti-sul’ e anti-Benfica, com o clube a ser exaurido de recursos, enquanto o ‘imperador’, a sua entourage e associados, têm enchido os bolsos, distribuindo as sobras pelos lacaios e as migalhas pelos cães.

Os adeptos do Benfica querem perceber e saber como as coisas se passam, como são representados pela sua Direcção. Um clube é constituído por quatro elementos essenciais: i) os valores, memórias, conquistas e símbolos; ii) os sócios e adeptos; iii) as equipas representativas; iv) o(s) território(s). As Direcções, por muito importantes que sejam (e são-no!) são apenas emanações dos sócios, pelo menos nos clubes que ainda mandam nas SAD.

O comunicado de Vieira, acima reproduzido no essencial, é um exemplo de não comunicação com os sócios e adeptos. Aquele comunicado não foi feito para os sócios e adeptos, é um conjunto de recados implícitos ou semiexplícitos, dirigidos para os outros ‘actores’ do meio, dentro e fora do sistema.

Como referi anteriormente, à falta de explicações, restam as interpretações. E, perante o sucedido, pode haver interpretações ‘malignas’ e interpretações ‘benignas’. Para não assustar os mais sensíveis, adianto desde já que, até prova em contrário, opto pelas interpretações ‘benignas’.

As interpretações ‘malignas’ são do género: ‘Vieira não pretende nem nunca pretendeu afrontar o sistema. É amigo do Oliveira, não perde oportunidade de lhe agradecer o apoio que deu ao Benfica. Não vai deixá-lo afundar-se. Apenas pretende entender-se com o sistema. Por isso não ataca as arbitragens. Já apoiou o Fernando Gomes, agora queria um compromisso em torno do Seara, só que a coisa não correu bem. Não quer fazer concorrência à Sport TV. Ainda vai acabar por ceder de novo os direitos televisivos’, etc. etc.

A minha interpretação ‘benigna’ é, com ajuda da imaginação, a seguinte.

Luís Filipe Vieira, na sua procura de reerguer o Benfica, entrou em rota de colisão com o sistema, nomeadamente, em torno do processo Apito Dourado, mas apercebeu-se que os tentáculos do polvo eram demasiado extensos e relevantes, dominando não apenas os meandros do futebol, mas abrangendo também posições chave nos meios de comunicação social, e com fortes penetrações nos sistemas político e judicial.

Vieira convenceu-se de que uma estratégia de ataque frontal estava votada ao fracasso (o resultado do dito processo Apito Dourado seria a prova mais acabada) e optou por uma estratégia e tácticas de ataque lateral.

Por um lado, apostando no desgaste progressivo do sistema, seja por degradação interna, seja por ganho de (alguma) influência ao aproximar-se de aparentes fenómenos de distanciação, como seria o caso de Fernando Gomes. Seja, ainda por uma atitude mais condescendente e ‘atractora’ em relação aos árbitros, deixando de atacar as arbitragens.

Por outro lado, e essencialmente, continuando um caminho de fortalecimento das estruturas do clube, nomeadamente na formação (Seixal), no reforço da equipa de futebol, e das próprias modalidades, ganhando força e ‘poder’ no terreno que verdadeiramente importa: as vitórias e os títulos, que sustentam o clube, alargam o prestígio, a área de influência e o crescimento económico-financeiro.

Só que, como esta última vertente está muto condicionada pela primeira (o poder do sistema), as coisas não correram tão bem como se previa e desejava, e vários títulos foram perdidos à beira da praia.

Porém, e porque nas coisas más há sempre algo de bom, a crise económico-financeira, que teve em Portugal particulares efeitos negativos, veio acelerar os problemas e dificuldades, anunciadas, de um dos pilares do sistema: a Controlinveste/Olivedesportos/SportTV.

E aqui, Luís Filipe Vieira soube ler bem os acontecimentos e colocar as peças em jogo. Atacou, subiu a parada financeira dos direitos televisivos, colocou Oliveira entre a espada e a parede, não apenas pelo valor elevado da proposta do Benfica, mas porque tinha que subir os valores contratuais com o Porto. E, finalmente, dando um forte ‘cheque ao rei’ com a criação da Benfica TV.

Esta jogada comportava riscos efectivos e uma saída vitoriosa implicava, necessariamente, a conquista de títulos. E aqui assume toda a importância a manutenção de Jorge Jesus, no início da época passada.

As conquistas de todas as provas nacionais e a repetição da presença na final da Liga Europa (uma vitória na final pouco mais acrescentaria) vieram, finalmente, dar o lastro e a sustentabilidade, nacional e internacional, de que o clube necessitava, para abrir definitivamente um novo ciclo de afirmação.

O futebol é um campo social e uma actividade social, com dinâmicas de poder (material, simbólico, de status), interesses e ambições, estratégias e tácticas ‘políticas’.

A posição do Benfica no concerto dos seus ‘pares’ é hoje muito diferente da que era no início da época passada. O Benfica tem hoje mais ‘poder’ do que tinha, por força dos títulos alcançados e do êxito da Benfica TV, e maior capacidade de influenciar e aproximar outros clubes da primeira e segunda Ligas.

Neste contexto, continuo eu a interpretar com imaginação, Luís Filipe Vieira avançou na sua estratégia de ataque ‘lateral’ levando o Benfica a assumir uma posição de pacificação, conciliação, convergência.

O objectivo não será substituir o ‘sistema azul’ por um ‘sistema vermelho’ (do meu ponto de vista seria uma desgraça para o Benfica, e uma degradação dos seus valores), mas sim alcançar um sistema de equilíbrio, nomeadamente entre os três grandes, com regras de competição ‘justas’, nomeadamente no que respeita a receitas televisivas e arbitragens.

É que num contexto de equilíbrio ‘justo’ a maior força natural do Benfica (número de adeptos, equipa, estruturas, Benfica TV) seria suficiente para assegurar uma posição de dominância desportiva e a regularidade de um novo ciclo vitorioso.

E aqui entram as eleições para a Liga. É provável que Luís Filipe Vieira tenha ensaiado uma aproximação conciliatória em torno da candidatura de Seara, nomeadamente daquela cuja lista incluía Rui Rangel. Só que o sistema quis forçar a nota e ‘puxou’ Seara demasiado para o seu lado (e ele lá foi, claro…) e quem tudo quer, arrisca-se a tudo perder.

É neste contexto de aproximação conciliatória e ‘influenciadora’ que Vieira não levou o Benfica a estar presente no acto eleitoral. Com esta ausência, Vieira quis dizer ao ‘outro lado’ que não legitimava, com a sua presença, o acto eleitoral e o resultado. Para, logo de seguida, vir, através do dito comunicado, deixar recados e sinais, aos clubes e a Mário Figueiredo, cujo significado, interpreto eu, será algo do género ‘Tenham calma, ninguém perdeu nem venceu, ninguém ganha com um conflito judicial, vamos, juntar-nos à mesa, acertar bases comuns, para avançar no interesse de todos os clubes e do futebol’.

E quais serão estas ‘bases comuns’ que só poderão estar relacionadas com o tema dos direitos televisivos?

Aqui, confesso que já estou cansado de interpretar e imaginar, e não consigo (ou não quero) ir mais longe. Pelo menos, para já.

Termino, voltando à questão inicial. Luís Filipe Vieira (a Direcção do Benfica) tem que comunicar com os sócios e adeptos. É evidente que há estratégias e tácticas ‘políticas’ que não têm que ser reveladas, sob pena de não surtirem efeito. Mas há sempre formas simples e eficazes de fazer sentir aos sócios e adeptos qual é a posição do Clube em questões relevantes, e tranquilizá-los relativamente à defesa da imagem e dos interesses do Clube, evitando interpretações erradas, sejam elas ‘malignas’ ou ‘benignas’.

Não foi isso que aconteceu, uma vez mais, no caso das eleições da Liga, nem foi isso que aconteceu com o comunicado posterior de Luís Filipe Vieira. Durante quanto tempo continuará a não acontecer?

PS: O Campeonato do Mundo começou mal, no que toca à arbitragem. Desgraçadas das equipas que se atravessarem na frente do Brasil (e não só). Os interesses comerciais, nomeadamente da FIFA, e os interesses políticos (prementes) de Dilma Rousseff obrigam o Brasil a estar na final. A continuar assim, isto irá transforma-se num circo, terá dito o treinador da Croácia. Pobre futebol, como é que resistes?

terça-feira, 10 de junho de 2014

Ele há coisas do arco-da-velha…


Estas baldrocas nas eleições da Liga mostram o futebol português no seu melhor…

Que as manobras, jogatanas, pressões, avanços, recuos, rasteiras, facadas e traições, culminassem em anticlímax, com a rejeição das candidaturas de Seara e Alves, era algo que, sinceramente, não me passava pela carola.

Mas não deixa de ser curioso que todas as bacorices e trapalhadas, deste processo inquinado, tenham ocorrido no campo do sistema e entre os seus vários e sucessivos candidatos.

Não sou jurista, para me pronunciar, com conhecimento de causa, sobre a interpretação subjacente à decisão do Presidente da Mesa da Assembleia Geral que conduziu à rejeição das candidaturas de Alves e Seara, embora me pareça discutível a obrigatoriedade de os candidatos apresentarem listas a todos os órgãos.

Mas o que é extraordinário é o facto de os candidatos do sistema terem dado o flanco, ao não apresentarem listas para todos os órgãos. Se, de facto, é tão importante para a Olivedesportos ter alguém da sua confiança na Presidência da Liga, porque é que diabo não tiveram o cuidado de cobrir todas as eventualidades, apresentando as diversas listazinhas?

Os sucessivos (e outrora impensáveis) ‘descuidos’ e incompetências do sistema, neste como noutros casos e questões, parecem mais um sintoma de um processo de degradação e desagregação que se deseja progressivo e definitivo.

Como disse anteriormente, a decisão de Carlos Pereira poderá ser discutível e até mesmo contestável. Mas, definitivamente, tudo parece correr mal para o sistema. É que a saída de cena de Seara deixa Rui Alves como único possível contestatário. Ora este melro é outro que tal. Disse da boca para fora que se demitia de presidente do Nacional, mas não fez o registo da demissão na Conservatória do Registo Comercial (para poder retirar a demissão, se a coisa corresse mal?).

Mas, pior do que isso, o Alves é também um dos traídos, porque foi o primeiro que o sistema mandou avançar, para depois o largar de mão e abandonar à sua sorte. É, de facto, patético, que o último recurso do sistema neste processo (recurso muito pobre, do ponto de vista da credibilidade e também da sustentabilidade jurídica) acabe por ser o Rui Alves…

O abandono de Seara é também revelador do tipo de pessoa em causa. Com a trapalhada da dupla lista, em que ficou muito mal aos olhos da opinião pública, e depois de a dependência de Seara relativamente à Olivedesportos ter sido exposta publicamente, com toda a clareza, e de forma bem incisiva, por António Oliveira e Rui Gomes da Silva, na SIC, e perante a embrulhada da recusa da candidatura, Seara depressa percebeu que, a continuar em jogo, só iria buscar ainda mais lenha para se queimar. Assim, preferiu abandonar o navio, reduzir os danos, tentar salvar a face e a sua imagem pública, preservando ambições a cargos futuros, no futebol e fora dele.

A novela ainda está longe de terminar. Aguardam-se futuros episódios.

O sistema irá boicotar as eleições de amanhã? O Alves irá apresentar a tal providência cautelar respaldado pelo sistema?

O Figueiredo conseguirá ser eleito? Se o for, conseguirá exercer o seu mandato?

O sistema levou uma valente paulada, mas também parece claro que este processo deixa a Liga com uma credibilidade ainda mais debilitada.

E o Campeonato (que está aí à porta…)?

domingo, 8 de junho de 2014

É pá, nem sei para que lado me vire…


1. Uma e meia da manhã. Aaa… aquela coisa, hum… a peladinha, pá, uns moços de azul e branco (raios!…) a tocar a bola para os lados, meu… contra uns mexicanos vestidos de verde…
O Taradeia, o Giuberrrto, o ‘Pó’Serjo… trica, troca, patetices, irrelevâncias, dichotes. RTPortoCanal-2, milhões e milhões pelo bueiro, todos os anos… Os meus impostos a pagar ordenados e mordomias destas ‘mariazinhas’. Logo três (!), porque é que não mandam só um? Por que é que não mandam… nenhum?! Basta uma banda sonora com umas anedotas do Badaró.
Vou mas é…
Zzzzzzz
2. O Seara, méne, o Rangel, e tal, e não sei quê. Os gajos são do Benfica, pá (que depressão…). Tanguistas tangueados, tangueando-se, procurando tanguear-nos. Muppets, puppets!
[Os estatutos da Liga permitem a eleição de invertebrados? Que diabo, uma alforreca…].
‘Meus senhores, aquela candidatura que tem o meu nome não é minha. A minha é a que tem o meu nome! Isto, para que não restem quaisquer dúvidas, vá lá ver!’
E o Rui Papalves, bronco, bronco, barrigudo, boçal, a bailar o bailinho? Que corja!
Os outros gajos é que devem estar a gozar à brava. Finalmente, vão poder reunir no quentinho, ou no fresquinho, bombas de gasolina é que nunca mais, porra! Qualquer um serve (puppets, muppets). Bem, quer dizer, um(ns) serve(m) melhor do que os outros. 'Qual é que preferes, ó?!'. 'Você é um génio, carago!...'.
3. Que raio de equipa vai o Glorioso ter para o ano? Segundo os digníssimos senhores jornalistas (olha a minha carteira profissional, pá! olarila!) já foram todos vendidos 4 ou 5 vezes (isto não dá coima da cêémevêéme?!). A lista de compras, então, é um ver se te avias. Quando for grande quero ser jornalista desportivo. ‘Génova não esquece Amorim’, ‘Águias voltam à carga por Cristante’, ‘Águias oferecem 7,5 milhões por Manolas’, ‘Valência segue de perto João Cancelo’. Que elegância, que estilo, que finesse!
4. Bem, esqueçamos os abcessos, alegremo-nos, está na hora do Hóquei, ora vamos lá!. Olha, olha. Mau, mau! Outra vez gajos equipados de azul. Mas agora é a camisola que é azul, e sopram no apito. Espera aí, aquele não é o gajo de Valongo?!
Boa, boa, toma, toma, um, dois, três, quatro! Espera lá, chegámos aos 4 a 0 demasiado depressa. Soam as campainhas, os bois de azul começam a salivar como cães de Pavlov, e aí vem fruta. Chega o intervalo e lá nas cabines o reflexo condicionado é reforçado. Estão no ponto! Segunda parte, e ainda mais fruta! Saldos da fruta: 5 livres directos, 3 penaltis, três cartões azuis, 2 cartões vermelhos…
Lá passámos, mas crivados de balas. Amanhã há mais…
[Esta merda cansa-me, agonia-me até ao centro do âmago das profundezas do íntimo…]
5. Ao menos, a ver se me destraio com o telejornal. Olha o Bruno, pá! O gajo anda pelas américas, na babugem da selecção, a ver se tem visibilidade. Lá lhe põem um microfone à frente. O moço mete mais umas ironias, no seu tom monocórdico grasnante-metálico (tem um problema nas cordas vocais e fala por um sintetizador).
‘Benfica e Porto têm uma aliança escondida há 12 anos’.
[Huuum… De quem será a aliança que eles têm escondida? E quem ficará com ela, o Frodo ou o Gollum?]
6. Zapping, toca a mudar de tema, de ‘futeboys’ já tenho a minha conta. Política, política. O Tó Zé diz que o Costa… O Costa manda alguém dizer que o Tó Zé… Primárias (primários?!) em Setembro (ah é, ainda deste ano?). Vão ser quatro meses de fartote, e o país a lixar-se.
Passos manda 'clarear' o Constitucional, o Constitucional manda o Passos à… Portas arroubado, trancas na crise? Espera que logo vês!...
7. Desisto. Levanto-me, penosamente, dói-me a existência (e a Maria que nunca mais chega…). Pego num copo, encho dois dedos. Hum!... A macieza deste malte... Que conforto. Sabe a ‘mel’…
Ponho um disco de Hancock, recosto-me no cadeirão, fecho os olhos, suspiro fundo, e deixo-me embalar ao som de Dolphin Dance

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Che Guevara e o futebol


Num post que coloquei há tempos (“Garay é um central bárbaro!”), por entre divagações sobre os meus mitos argentinos, assinalei alguns dos filhos mais ilustres desse fascinante país.

É claro que outros ficaram por referir, desde o grande Quino e a sua irreverente Mafalda, ao actual Papa Francisco. De Juan Manuel Fangio, talvez o maior piloto de todos os tempos, a Carlos Monzón, campeão mundial de pesos médios.

Porém, apenas uma omissão foi, verdadeiramente, imperdoável: El Che!...

Ernesto Guevara, de seu nome de registo, assinando por vezes como Ernesto Guevara Serna, associando o apelido da sua mãe; imortal e eternamente conhecido como Che (por usar, a todo o tempo, essa popular interjeição argentina, de saudação ou de chamada de atenção), nasceu a 14 de Maio de 1928, em Rosário, Argentina, e morreu em 9 de Outubro de 1967, em La Higuera, Bolívia, assassinado pelos militares, com a colaboração da CIA.

Mito maior entre os mitos, ícone imortalizado no perene e vívido retrato de Alberto Korda, milhões de vezes reproduzido, Che Guevara, mais do que um revolucionário romântico, foi, sobretudo, um firme e duro combatente pela emancipação dos oprimidos e a libertação dos povos, pela criação de um “hombre nuevo”, movido por uma ética de solidariedade e bem comum. Um dos Comandantes da Revolução cubana, que quis estender à América Latina e a todo o mundo, luta pela qual deu a vida, aos 39 anos de idade.

Formado em Medicina, interessado por economia, literatura (de Emíio Salgari e Júlio Verne, na sua jovem adolescência, a Baudelaire, Kafka, Miguel Ángel Asturias, Neruda), e filosofia (Sartre, Camus), Che Guevara foi também um grande entusiasta por desporto e, naturalmente, por futebol.

Fortemente asmático, desde os dois anos de idade, não deixou que as limitações e dificuldades que a doença lhe colocava o impedissem de praticar desportos, como o rugby e o futebol.

Adepto do Rosário Central e grande fã de Alfredo Di Stéfano, o Che fazia as suas peladinhas, jogando a guarda-redes.

Em 1952, aos 24 anos, o Che empreendeu uma viagem de sete meses, em motorizada, por vários países da América do Sul, na companhia do seu amigo Alberto Granado.

Esta viagem, pela Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Venezuela, proporcionou-lhe uma vivência directa da realidade humana, e um contacto com os sectores mais populares, excluídos e explorados da América Latina, uma inesquecível experiência que, no dizer do Che, provocou uma profunda mudança na sua atitude perante a vida.

Che Guevara e Alberto Granado relataram a sua experiência em ‘diarios de viaje’, posteriormente conhecidos como Diarios de Motocicleta, em que o brasileiro Walter Salles se baseou para realizar um filme, em 2004.

No seu diário (Ernesto Guevara, Diários de Motocicleta. Planeta, Buenos Aires, 3ª edição, 2003), o Che relata um episódio delicioso. Já nos últimos meses de viagem, ele e Granado partem do Perú e descem o rio Amazonas, de balsa (a motocicleta, a que chamavam Poderosa II, há muito que tinha ‘morrido’, algures, em pleno Chile), aportando ao povoado de Leticia, já na Colômbia, com o intuito de apanharem transporte para a capital, Bogotá.

Com escassos recursos, e embora bem recebidos pela população que lhes forneceu alojamento e alimentação, os dois amigos não dispunham, porém, de meios para pagar a passagem e respectiva bagagem, no hidroavião que fazia a ligação a Bogotá, pela qual, ainda por cima, teriam que esperar cerca de duas semanas.

Seria o futebol a salvar a situação… A fama do enorme talento dos argentinos para o futebol já então corria a América Latina e meio mundo. Naquela altura, Di Stéfano e Adolfo Pedernera (outro enorme talento argentino) faziam miséria, precisamente, na Colômbia, no Millonarios de Bogotá, numa super-equipa designada de ‘Ballet Azul’, que ganhou vários campeonatos seguidos e viajou pela Europa, tendo vencido o Porto por 2-1.

Ora, sendo Che e Granado argentinos de gema, acabaram contratados, como treinadores, por um clube de futebol local. A sua intenção era, apenas, treinar a equipa, mas, diz o Che: “Como eram muito maus, decidimos jogar também”.

Logo tem lugar um torneio-relâmpago, com a equipa do Che na cauda das expectativas, por ser a mais fraquinha. O certo é que, com o Che a guarda-redes e Granado como maestro, a equipa ganha jogo atrás de jogo, apenas perdendo a final, nos penaltis…

Granado logo ganhou a alcunha de ‘Pedernerita’ pela sua semelhança com Adolfo Pedernera e os seus passes milimétricos. Quanto ao Che defendeu um penalti que ficou na história do futebol de Leticia.

Embora não seja referido nos ‘Diários’, conta-se que, chegados a Bogotá, Che e Granado tiveram um encontro com o ídolo Alfredo Di Stéfano que lhes arranjou dois bilhetes para assistirem a um jogo amistoso entre o Millonarios e o Real Madrid que viria depois a contratar Di Stéfano, num processo atribulado, com o Barcelona pelo meio.

Outra história curiosa envolve o Madureira Esporte Clube, do Rio de Janeiro, fundado em 1932 e que tem como mascote o papagaio Zé Carioca. Actualmente a disputar a Série C do Campeonato Brasileiro, o Madureira nunca alcançou mais do que o segundo lugar no campeonato estadual.

Porém, no início dos anos de 1960, o Madureira teve alguma notoriedade, sobretudo com as suas viagens pelo exterior, detendo o recorde do clube brasileiro com maior permanência fora do país, mais precisamente, 144 dias (!), no ano de 1961, com 36 jogos realizados na Europa, Ásia e Estados Unidos, obtendo 23 vitórias, 3 empates e dez derrotas.

Os jogos amistosos eram negociados pelo Zé da Gama, português que presidiu ao clube no biénio de 1959-60 e era empresário de futebol.

No ano de 1963, nova tournée, agora pela América Latina, com jogos disputados na Colômbia, Costa Rica, El Salvador, México e Cuba.

Em Cuba, o Madureira disputou e venceu cinco jogos, dois dos quais com a selecção de Havana. No segundo jogo Che Guevara, então ministro da indústria, assistiu à partida e confraternizou com os jogadores (ver fotos).

No ano passado, o Madureira, para celebrar os 50 anos deste acontecimento, colocou o célebre retrato do Che nos equipamentos, ao que parece alcançando um novo recorde, agora em número de vendas…
 


 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Trampa e mais trampa!…


Que os candidatos à presidência da Liga são uma trampa, já sabíamos.

O sistema, um esterquilínio (diria o bom velho Camilo!...).

A arbitragem, uma estrumeira.

O Oliveiredo, matéria fecal.

Os media, uma ‘mérdia’.

Mas as ironias do Bruno de Carvalho são uma bosta.

As suas discursatas, uma evacuação.

A sua pose, cagança.

(Desgraçadamente, o fedor não é objecto de monopólio, nem de abuso de posição dominante.)

A selecção é uma 'caca'.

A FêPêFê, um monturo.

O(s) poder(es) do Jorge Mendes, excrementício(s).

A UEFA e a FIFA, uma imundície.

(O ‘defeso’ é uma merda! E ainda agora começou, não sei se aguentarei…)

 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Ainda a entrevista de Aimar a Osvaldo Wehbe


Referi-me em post anterior a uma entrevista de Aimar a uma rádio argentina. Infelizmente, utilizei uma fonte secundária, ou seja, uma transcrição parcial da entrevista, publicada num site de outro órgão de comunicação argentino.

Bem andou o Cabelo do Aimar que procurou a entrevista original, a traduziu e postou. É assim mesmo que se faz. Era isso que devia ter feito.

A fonte em que me baseei não incluía, entre outras coisas, as referências de Aimar ao Benfica e a Eusébio (enorme, para sempre, Pablito!).

A entrevista integral é ainda mais deliciosa do que o extracto em que me baseei.

Aimar é um jogador especial porque tudo nele é ‘superior’: a técnica, a inteligência, a personalidade, o carácter. Dentro e fora de campo.

Estava escrito nos astros que alguém assim não poderia deixar de passar pelo Benfica e ficar com o Benfica no coração.
Deixo, abaixo, uma pequena preciosidade: o puto Messi a falar sobre Aimar e vice-versa…