terça-feira, 10 de junho de 2014

Ele há coisas do arco-da-velha…


Estas baldrocas nas eleições da Liga mostram o futebol português no seu melhor…

Que as manobras, jogatanas, pressões, avanços, recuos, rasteiras, facadas e traições, culminassem em anticlímax, com a rejeição das candidaturas de Seara e Alves, era algo que, sinceramente, não me passava pela carola.

Mas não deixa de ser curioso que todas as bacorices e trapalhadas, deste processo inquinado, tenham ocorrido no campo do sistema e entre os seus vários e sucessivos candidatos.

Não sou jurista, para me pronunciar, com conhecimento de causa, sobre a interpretação subjacente à decisão do Presidente da Mesa da Assembleia Geral que conduziu à rejeição das candidaturas de Alves e Seara, embora me pareça discutível a obrigatoriedade de os candidatos apresentarem listas a todos os órgãos.

Mas o que é extraordinário é o facto de os candidatos do sistema terem dado o flanco, ao não apresentarem listas para todos os órgãos. Se, de facto, é tão importante para a Olivedesportos ter alguém da sua confiança na Presidência da Liga, porque é que diabo não tiveram o cuidado de cobrir todas as eventualidades, apresentando as diversas listazinhas?

Os sucessivos (e outrora impensáveis) ‘descuidos’ e incompetências do sistema, neste como noutros casos e questões, parecem mais um sintoma de um processo de degradação e desagregação que se deseja progressivo e definitivo.

Como disse anteriormente, a decisão de Carlos Pereira poderá ser discutível e até mesmo contestável. Mas, definitivamente, tudo parece correr mal para o sistema. É que a saída de cena de Seara deixa Rui Alves como único possível contestatário. Ora este melro é outro que tal. Disse da boca para fora que se demitia de presidente do Nacional, mas não fez o registo da demissão na Conservatória do Registo Comercial (para poder retirar a demissão, se a coisa corresse mal?).

Mas, pior do que isso, o Alves é também um dos traídos, porque foi o primeiro que o sistema mandou avançar, para depois o largar de mão e abandonar à sua sorte. É, de facto, patético, que o último recurso do sistema neste processo (recurso muito pobre, do ponto de vista da credibilidade e também da sustentabilidade jurídica) acabe por ser o Rui Alves…

O abandono de Seara é também revelador do tipo de pessoa em causa. Com a trapalhada da dupla lista, em que ficou muito mal aos olhos da opinião pública, e depois de a dependência de Seara relativamente à Olivedesportos ter sido exposta publicamente, com toda a clareza, e de forma bem incisiva, por António Oliveira e Rui Gomes da Silva, na SIC, e perante a embrulhada da recusa da candidatura, Seara depressa percebeu que, a continuar em jogo, só iria buscar ainda mais lenha para se queimar. Assim, preferiu abandonar o navio, reduzir os danos, tentar salvar a face e a sua imagem pública, preservando ambições a cargos futuros, no futebol e fora dele.

A novela ainda está longe de terminar. Aguardam-se futuros episódios.

O sistema irá boicotar as eleições de amanhã? O Alves irá apresentar a tal providência cautelar respaldado pelo sistema?

O Figueiredo conseguirá ser eleito? Se o for, conseguirá exercer o seu mandato?

O sistema levou uma valente paulada, mas também parece claro que este processo deixa a Liga com uma credibilidade ainda mais debilitada.

E o Campeonato (que está aí à porta…)?

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