Estas baldrocas nas eleições da Liga mostram
o futebol português no seu melhor…
Que as manobras, jogatanas, pressões,
avanços, recuos, rasteiras, facadas e traições, culminassem em anticlímax, com a
rejeição das candidaturas de Seara e Alves, era algo que, sinceramente, não me
passava pela carola.
Mas não deixa de ser curioso que todas as
bacorices e trapalhadas, deste processo inquinado, tenham ocorrido no campo do
sistema e entre os seus vários e sucessivos candidatos.
Não sou jurista, para me pronunciar, com
conhecimento de causa, sobre a interpretação subjacente à decisão do Presidente
da Mesa da Assembleia Geral que conduziu à rejeição das candidaturas de Alves e
Seara, embora me pareça discutível a obrigatoriedade de os candidatos
apresentarem listas a todos os órgãos.
Mas o que é extraordinário é o facto de os
candidatos do sistema terem dado o flanco, ao não apresentarem listas para
todos os órgãos. Se, de facto, é tão importante para a Olivedesportos ter
alguém da sua confiança na Presidência da Liga, porque é que diabo não tiveram
o cuidado de cobrir todas as eventualidades, apresentando as diversas
listazinhas?
Os sucessivos (e outrora impensáveis) ‘descuidos’
e incompetências do sistema, neste como noutros casos e questões, parecem mais
um sintoma de um processo de degradação e desagregação que se deseja progressivo
e definitivo.
Como disse anteriormente, a decisão de Carlos
Pereira poderá ser discutível e até mesmo contestável. Mas, definitivamente,
tudo parece correr mal para o sistema. É que a saída de cena de Seara deixa Rui
Alves como único possível contestatário. Ora este melro é outro que tal. Disse
da boca para fora que se demitia de presidente do Nacional, mas não fez o
registo da demissão na Conservatória do Registo Comercial (para poder retirar a
demissão, se a coisa corresse mal?).
Mas, pior do que isso, o Alves é também um
dos traídos, porque foi o primeiro que o sistema mandou avançar, para depois o
largar de mão e abandonar à sua sorte. É, de facto, patético, que o último
recurso do sistema neste processo (recurso muito pobre, do ponto de vista da
credibilidade e também da sustentabilidade jurídica) acabe por ser o Rui Alves…
O abandono de Seara é também revelador do
tipo de pessoa em causa. Com a trapalhada da dupla lista, em que ficou muito
mal aos olhos da opinião pública, e depois de a dependência de Seara relativamente
à Olivedesportos ter sido exposta publicamente, com toda a clareza, e de forma
bem incisiva, por António Oliveira e Rui Gomes da Silva, na SIC, e perante a
embrulhada da recusa da candidatura, Seara depressa percebeu que, a continuar
em jogo, só iria buscar ainda mais lenha para se queimar. Assim, preferiu abandonar
o navio, reduzir os danos, tentar salvar a face e a sua imagem pública,
preservando ambições a cargos futuros, no futebol e fora dele.
A novela ainda está longe de terminar.
Aguardam-se futuros episódios.
O sistema irá boicotar as eleições de amanhã?
O Alves irá apresentar a tal providência cautelar respaldado pelo sistema?
O Figueiredo conseguirá ser eleito? Se o for,
conseguirá exercer o seu mandato?
O sistema levou uma valente paulada, mas
também parece claro que este processo deixa a Liga com uma credibilidade ainda
mais debilitada.
E o Campeonato (que está aí à porta…)?
Sem comentários:
Enviar um comentário