quarta-feira, 21 de maio de 2014

A próxima época já começou. É imperioso não baixar a guarda e continuarmos a crescer, juntos!. O sistema vai atacar com tudo o que puder!


A época de 2013/2014 ficará bem gravada nas nossas memórias.

Porque foi, talvez, a melhor época das últimas três décadas.

Porque ganhámos quase tudo o que havia para ganhar.

Porque, depois das vacilações iniciais, jogámos bom futebol, um futebol coeso, a atacar e a defender (há quantos anos a equipa não defendia assim?!

Porque construímos um espírito de união como há muito não se via.

E, sobretudo, porque voltámos a ter a bela sensação de que ganhar é normal e natural. De tal modo que a perda da Taça UEFA (tanto mais quanto foi como foi…) acabou por parecer uma perda ‘menor’.

É que, apesar de não termos ganho, inundou-nos a convicção de que falar de ‘maldições’ é destituído de sentido, e uma vitória europeia não é algo de longínquo e inalcançável, que depende de forças sobrenaturais, mas que está aí, para breve, no futuro, porque temos capacidade e qualidade para a conseguir.

Duas finais europeias consecutivas, mesmo perdidas, cinco anos de boas presenças nas competições europeias, subida até ao 5º lugar do ranking da UEFA (pois é(!) apenas atrás de quatro colossos milionários) dão-nos a sensação de que uma vitória europeia do Glorioso entrou na ordem natural das coisas.

É necessário, porém, manter o rumo que (re)encontrámos, após a longa, difícil e dolorosa dobragem do Cabo das Tormentas, entre o final da ápoca passada e o 1º terço da presente época.

Foi nesta provação que conquistámos a chave do sucesso!

É nas dificuldades que emergem os valores mais profundos, é no fogo que se tempera o aço, as grandes provações fazem-nos crescer.

No final da época passada este blog ainda não existia. Portanto, estou à vontade para dizer, sem problemas, que defendi, junto dos meus amigos, a saída de Jesus do Benfica, logo a seguir ao final da Taça de Portugal. Pelo contrário, uma vez chegados perto do início da presente época sem que a situação se tivesse alterado, defendi que seria desastroso o Jesus não continuar.

Posso também dizer que me irritou profundamente a forma como o Presidente Vieira protelou a resolução do assunto Cardozo, o atraso em encontrar defesas laterais à altura, a resolução definitiva da situação de Jesus, entre outras questões.

Tudo isto se reflectiu numa pré-epoca fraquinha, num início de campeonato horrível (derrota com o Marítimo, reviravolta com o Gil Vicente, em casa, nos derradeiros minutos).

Confesso que foi no jogo com o Sporting (que fui ver a Alvalade) que senti que as coisas estavam a mudar, que a equipa começava a encontrar-se e que tínhamos reforços de qualidade (grande Marco!).

No primeiro terço da época fomos encarrilando, com alguns solavancos, com o Tacuara a ser fundamental para que a equipa se aguentasse (como é que se pode não respeitar o Cardozo?!).

Depois, foi em crescendo.

Jesus confirmou ser um grande treinador e, ao contrário do que eu pensava, soube ter a capacidade de aprender com os erros! Jesus fez crescer o Benfica nestes cinco anos, mas Jesus também cresceu, e muito, com a experiência de um clube enorme, que luta sempre contra ventos e marés, mas está, como nenhum, no coração do povo, porque saiu do povo e é povo!

Jesus ainda pode melhorar mais, sobretudo no campo da motivação e da compreensão da dimensão psicológica, dos jogadores e da sua. Ninguém pode, nem deve, esperar ou pedir a Jesus que deixe de correr, gesticular e vociferar com os jogadores, na linha lateral durante os jogos, ou, quiçá, mesmo nos treinos. Sem isso, Jesus não seria Jesus. No entanto, pode melhorar a liderança, aumentando o carisma, conquistando nos jogadores não só a admiração e o respeito, que já tem, mas também a dedicação.

O Presidente Vieira teve muito mérito neste processo, mas também oscila e erra. Não sou um indefectível de Vieira, porque só sou indefectível do Sport Lisboa e Benfica. Mas, neste momento, tem o meu apoio e tiro-lhe o chapéu! Vieira também ‘cresceu’ neste processo. Falou menos, preservou-se, interveio dentro da estrutura, apoiou a equipa, mostrou ser um líder (não esquecerei o conforto que deu aos juniores no final da Youth League).

Sempre valorizei o trabalho enorme de Vieira no que respeita ao desenvolvimento das infraestruturas do Benfica. A construção do Estádio (com Mário Dias!) factor absolutamente fundamental de estruturação e reprodução da identidade territorial e simbólica de um clube, impedindo o erro colossal, quiçá irreparável, que teria sido a construção de um estádio comum com o Sporting. Como é que pode ter havido gente do Benfica, como Fernando Seara (candidato à presidência da Liga, com o apoio do Benfica, Deus meu?!) que defendia esta ‘solução’?!!!

O campus do Seixal, o Museu e a Benfica TV são outras pedras angulares na construção e desenvolvimento do clube.

Falta, porém, maior carinho e consideração pelos sócios, que, por vezes, parecem ser tratados apenas como números e objecto de marketing. Para mim, é quase inacreditável que um clube com a dimensão do Benfica apenas disponibilize aos sócios uma miserável e acanhada ‘sala de convívio’ (pior do que a do antigo estádio)! Para quando instalações de convívio para os sócios, dignas, com sala de leitura/biblioteca, salas de jogos, bar, instalações que possam também transformar-se em pequeno auditório para discussão e divulgação de assuntos do Benfica, onde possamos conviver e ouvir as memórias de alguns mitos vivos que, felizmente, ainda temos, como o Simões e o José Augusto, e outros mais novos, como o Toni, o Rui Costa, etc., etc.?

Já ao nível do futebol, Vieira mostrou maiores dificuldades, quer ao nível da estrutura interna, quer na relação com o sistema (apoio ao Fernando Gomes para FPF?!), na defesa do clube contra as arbitragens, etc.. Mas também aqui tem vindo a aprender e a melhorar.

Espero uma posição de grande firmeza na defesa do Benfica, na época que aí vem!

É que o sistema vai atacar com tudo o que puder!

Esta época o sistema foi apanhado de surpresa, e com a carruagem em andamento. Convenceu-se que o Benfica estava irrecuperavelmente ferido, na sequência do final da época passada. O mau início de campeonato reforçou-lhe essa convicção. O sistema desleixou-se, baixou a guarda.

Quando acordou já era tarde, ainda por cima com as coisas a correrem-lhe de mal a pior dentro da própria casa.

Mas agora já está prevenido, está a reunir as tropas e vai recorrer a tudo, desde o célebre ‘algoritmo’ dos sorteios, até às arbitragens, passando pelos treinadores ‘amigos’, jogadores ‘emprestados’, avençados da comunicação social, etc., etc.

O sistema está em declínio e, como todos os sistemas em declínio, não se apercebe que o terreno se vai esboroando debaixo dos pés, e julga, convictamente, que tem mais poder(es) do que efectivamente tem. No entanto, um poder mafioso, construído durante mais de 30 anos não desaparece de um momento para o outro e continua a ser perigoso.

O Benfica tem que estar alerta, preparar bem a próxima época, manter uma equipa forte como o Presidente prometeu no discurso na Câmara Municipal (bom discurso!), consolidar a estrutura, reforçar a união entre equipa, estrutura directiva e adeptos!

A Festa foi bonita, pá, mas já acabou!

A próxima época já começou. É imperioso não baixar a guarda e continuarmos a crescer, juntos!

E pluribus unum!

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