A época de 2013/2014 ficará bem gravada nas
nossas memórias.
Porque foi, talvez, a melhor época das
últimas três décadas.
Porque ganhámos quase tudo o que havia para ganhar.
Porque, depois das vacilações iniciais,
jogámos bom futebol, um futebol coeso, a atacar e a defender (há quantos anos a
equipa não defendia assim?!
Porque construímos um espírito de união como
há muito não se via.
E, sobretudo, porque voltámos a ter a bela
sensação de que ganhar é normal e natural. De tal modo que a perda da Taça UEFA
(tanto mais quanto foi como foi…) acabou por parecer uma perda ‘menor’.
É que, apesar de não termos ganho,
inundou-nos a convicção de que falar de ‘maldições’ é destituído de sentido, e
uma vitória europeia não é algo de longínquo e inalcançável, que depende de
forças sobrenaturais, mas que está aí, para breve, no futuro, porque temos
capacidade e qualidade para a conseguir.
Duas finais europeias consecutivas, mesmo
perdidas, cinco anos de boas presenças nas competições europeias, subida até ao
5º lugar do ranking da UEFA (pois é(!) apenas atrás de quatro colossos
milionários) dão-nos a sensação de que uma vitória europeia do Glorioso entrou
na ordem natural das coisas.
É necessário, porém, manter o rumo que (re)encontrámos,
após a longa, difícil e dolorosa dobragem do Cabo das Tormentas, entre o final
da ápoca passada e o 1º terço da presente época.
Foi nesta provação que conquistámos a chave
do sucesso!
É nas dificuldades que emergem os valores
mais profundos, é no fogo que se tempera o aço, as grandes provações fazem-nos
crescer.
No final da época passada este blog ainda não
existia. Portanto, estou à vontade para dizer, sem problemas, que defendi, junto
dos meus amigos, a saída de Jesus do Benfica, logo a seguir ao final da Taça de
Portugal. Pelo contrário, uma vez chegados perto do início da presente época sem
que a situação se tivesse alterado, defendi que seria desastroso o Jesus não
continuar.
Posso também dizer que me irritou
profundamente a forma como o Presidente Vieira protelou a resolução do assunto
Cardozo, o atraso em encontrar defesas laterais à altura, a resolução
definitiva da situação de Jesus, entre outras questões.
Tudo isto se reflectiu numa pré-epoca fraquinha,
num início de campeonato horrível (derrota com o Marítimo, reviravolta com o
Gil Vicente, em casa, nos derradeiros minutos).
Confesso que foi no jogo com o Sporting (que fui
ver a Alvalade) que senti que as coisas estavam a mudar, que a equipa começava
a encontrar-se e que tínhamos reforços de qualidade (grande Marco!).
No primeiro terço da época fomos encarrilando,
com alguns solavancos, com o Tacuara a ser fundamental para que a equipa se aguentasse
(como é que se pode não respeitar o Cardozo?!).
Depois, foi em crescendo.
Jesus confirmou ser um grande treinador e, ao
contrário do que eu pensava, soube ter a capacidade de aprender com os erros!
Jesus fez crescer o Benfica nestes cinco anos, mas Jesus também cresceu, e
muito, com a experiência de um clube enorme, que luta sempre contra ventos e
marés, mas está, como nenhum, no coração do povo, porque saiu do povo e é povo!
Jesus ainda pode melhorar mais, sobretudo no
campo da motivação e da compreensão da dimensão psicológica, dos jogadores e da
sua. Ninguém pode, nem deve, esperar ou pedir a Jesus que deixe de correr,
gesticular e vociferar com os jogadores, na linha lateral durante os jogos, ou,
quiçá, mesmo nos treinos. Sem isso, Jesus não seria Jesus. No entanto, pode
melhorar a liderança, aumentando o carisma, conquistando nos jogadores não só a
admiração e o respeito, que já tem, mas também a dedicação.
O Presidente Vieira teve muito mérito neste
processo, mas também oscila e erra. Não sou um indefectível de Vieira, porque
só sou indefectível do Sport Lisboa e Benfica. Mas, neste momento, tem o meu
apoio e tiro-lhe o chapéu! Vieira também ‘cresceu’ neste processo. Falou menos,
preservou-se, interveio dentro da estrutura, apoiou a equipa, mostrou ser um
líder (não esquecerei o conforto que deu aos juniores no final da Youth League).
Sempre valorizei o trabalho enorme de Vieira
no que respeita ao desenvolvimento das infraestruturas do Benfica. A construção
do Estádio (com Mário Dias!) factor absolutamente fundamental de estruturação e
reprodução da identidade territorial e simbólica de um clube, impedindo o erro colossal,
quiçá irreparável, que teria sido a construção de um estádio comum com o Sporting.
Como é que pode ter havido gente do Benfica, como Fernando Seara (candidato à presidência da Liga,
com o apoio do Benfica, Deus meu?!) que defendia esta ‘solução’?!!!
O campus do Seixal, o Museu e a Benfica TV
são outras pedras angulares na construção e desenvolvimento do clube.
Falta, porém, maior carinho e consideração
pelos sócios, que, por vezes, parecem ser tratados apenas como números e objecto
de marketing. Para mim, é quase inacreditável que um clube com a dimensão do
Benfica apenas disponibilize aos sócios uma miserável e acanhada ‘sala de
convívio’ (pior do que a do antigo estádio)! Para quando instalações de
convívio para os sócios, dignas, com sala de leitura/biblioteca, salas de jogos,
bar, instalações que possam também transformar-se em pequeno auditório para
discussão e divulgação de assuntos do Benfica, onde possamos conviver e ouvir as
memórias de alguns mitos vivos que, felizmente, ainda temos, como o Simões e o
José Augusto, e outros mais novos, como o Toni, o Rui Costa, etc., etc.?
Já ao nível do futebol, Vieira mostrou
maiores dificuldades, quer ao nível da estrutura interna, quer na relação com o
sistema (apoio ao Fernando Gomes para FPF?!), na defesa do clube contra as arbitragens,
etc.. Mas também aqui tem vindo a aprender e a melhorar.
Espero uma posição de grande firmeza na
defesa do Benfica, na época que aí vem!
É que o sistema vai atacar com tudo o que
puder!
Esta época o sistema foi apanhado de surpresa,
e com a carruagem em andamento. Convenceu-se que o Benfica estava
irrecuperavelmente ferido, na sequência do final da época passada. O mau início
de campeonato reforçou-lhe essa convicção. O sistema desleixou-se, baixou a
guarda.
Quando acordou já era tarde, ainda por cima
com as coisas a correrem-lhe de mal a pior dentro da própria casa.
Mas agora já está prevenido, está a reunir as
tropas e vai recorrer a tudo, desde o célebre ‘algoritmo’ dos sorteios, até às
arbitragens, passando pelos treinadores ‘amigos’, jogadores ‘emprestados’,
avençados da comunicação social, etc., etc.
O sistema está em declínio e, como todos os
sistemas em declínio, não se apercebe que o terreno se vai esboroando debaixo dos pés, e julga, convictamente,
que tem mais poder(es) do que efectivamente tem. No entanto, um poder mafioso,
construído durante mais de 30 anos não desaparece de um momento para o outro e
continua a ser perigoso.
O Benfica tem que estar alerta, preparar bem
a próxima época, manter uma equipa forte como o Presidente prometeu no discurso na Câmara Municipal (bom discurso!), consolidar a estrutura, reforçar a união
entre equipa, estrutura directiva e adeptos!
A Festa foi bonita, pá, mas já acabou!
A próxima época já começou. É imperioso não
baixar a guarda e continuarmos a crescer, juntos!
E pluribus unum!
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