quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A equipa entrou bem. Preparemo-nos para um ano de dura luta!


Os dois últimos jogos trouxeram coisas bonitas e animadoras. Desde logo, duas saborosas vitórias, mais um troféu e a quebra do enguiço da 1ª jornada.

Mas, mais do que isso, a equipa mostrou boa organização e dinâmica, embora melhor a nível ofensivo do que defensivo, e uma qualidade futebolística a aproximar-se da evidenciada na época passada.

Três argentinos fabulosos, apoiados no eixo fiável Luisão-Amorim, num super-Maxi, num Jardel que cumpre bem, num Eliseu que promete, e um Lima de grande utilidade e mobilidade, a quem ‘só falta’ acertar na baliza.

O Talisca vai fazer-se um grande jogador, pela mão de Jesus, não tenho dúvidas nenhumas. Um miúdo que chega à Europa e entra a jogar como ele tem feito só pode ter uma grande qualidade. Falta-lhe poder de choque? Falta. Falta-lhe saber jogar de costas para a baliza? Falta. Mas a qualidade está toda lá! A Jogar no meio campo demonstra boa visão de jogo, capacidade de condução e passe longo, até mesmo classe. A segundo avançado perde qualidade porque não está rotinado e vai ser necessário muito treino.

O que é que falta ao Artur para ser um grande guarda-redes? Não falta agilidade, elasticidade nem reflexos. Falta alguma capacidade de manter concentração permanente e, sobretudo, confiança. É a falta de confiança que o inibe de sair da baliza a jogar como pivot, que o faz ceder à pressão dos grandes jogos, e o faz parecer pior de jogo de pés do que realmente é.

[O Júlio César pode vir a ser um caso histórico no Benfica. A entrevista que deu à Benfica TV mostra um homem inteligente, com grande carácter e, isto é fundamental, com uma enorme motivação e entusiasmo para jogar no Benfica, como se estivesse a começar de novo. Com a Catedral em vibração, o Júlio César poderá vir a ser catapultado para exibições ‘imperiais’. Pelo menos, assim o espero.]

No jogo com o Paços de Ferreira (este Paços vai fazer uma boa época; o próximo jogo com o Porto vai mostrar se a equipa e o treinador têm, ou não, carácter e personalidade!) gostei de ver as movimentações do Jara (será desta que pega, tantos anos depois?!), a combinar bem e a largar a bola no tempo certo, mas o momento da decisão continua um desastre.

Ou muito me engano ou o Ola John está de novo a escorregar para o buraco psicológico (da falta de confiança) onde se esconde com frequência, o que é uma pena, porque é um jogador com uma enorme habilidade, potência de arranque e rapidez.

Oblak, Garay, Markovic e Rodrigo não são facilmente substituíveis, nem foram substituídos. Mas o onze base que fez estes dois jogos tem qualidade suficiente para se bater pelos troféus nacionais. O problema é que o banco é curto em qualidade, apesar do Lisandro e do Derley (ao nível do Lima, pelo menos), e em quantidade nalgumas posições (médio defensivo, pelo menos enquanto o Feija não voltar ao serviço, e lá na frente necessitamos de um matador).

Não vou equacionar as hipotéticas saídas de Enzo e Gaitán porque Luís Filipe Vieira deu a sua palavra em como só sairiam pelas respectivas cláusulas e estou em crer que, por esses valores, muito dificilmente alguém vira cá busca-los. E como abaixo da cláusula não saem…

Outra das coisas bonitas que vi nestes dois jogos foi o facto dos sócios e adeptos terem assumido, como missão (ainda mais nas circunstâncias actuais), que o seu apoio total e incondicional é absolutamente vital para sustentar e dar força à equipa. Apoiar a equipa, sempre! Do início ao fim dos jogos! Nesta época, que vai ser muito dura, seremos o 12º, o 13º… o enésimo jogador!

O Porto está a apostar todas as fichas. Se perde pode ser a bancarrota. As nomeações de árbitros à medida e a actuação do reles serventuário Cosme mostram até aos ceguinhos que vai ser um fartar vilanagem, como nos ‘melhores tempos’ do sistema. É imperioso defender o Benfica em relação às arbitragens. Não podemos comer e calar!

Temos, treinador. Teremos equipa, estou certo. Espero e desejo, sinceramente, que tenhamos estrutura directiva ao nível das enormes exigências que se colocam e se colocarão ainda mais com o decorrer da época.

Só recentemente pude ver a gravação integral da entrevista de Luís Filipe Vieira à Benfica TV.

Começo por saudar o enorme profissionalismo e qualidade do Hélder Conduto que colocou as questões mais prementes que havia a colocar, sem tibiezas.

As explicações do Presidente aos sócios e adeptos pecaram por tardias, mas ainda bem que, finalmente, aconteceram. A entrevista foi esclarecedora em muitos aspectos, e menos noutros.

Esclarecedora no que respeita à venda do Garay, do Oblak [neste caso o problema esteve na deficiente gestão e acompanhamento do jogador desde que chegou ao Benfica], do Markovic e do Cardozo, e até mesmo, relativamente à não permanência do Siqueira, em que o problema esteve, sobretudo, no volume dos salários pedidos e não tanto no valor a pagar ao Granada.

Vieira também foi muito claro ao afirmar que Enzo e Gaitán só saem pela cláusula de rescisão e que até dia 31 de Agosto a equipa será reforçada nas posições em que for necessário.

Mas já tergiversou ao afirmar que não houve desinvestimento na equipa, e que as vendas nada têm a ver com um potencial problema de financiamento, que possa resultar do caso BES, e em relação ao qual o Benfica tem que se salvaguardar.

Para depois, mais adiante, vir a justificar o desinvestimento ao dizer com toda a clareza que a massa salarial vai baixar, que o futebol português tem que mudar de rumo, reduzir custos e viver com base na formação. E reconhecer que a equipa deste ano já não é a melhor dos últimos 30 anos e que a prioridade é o campeonato nacional, porque não podemos competir com os orçamentos do Real Madrid, embora a Champions permaneça um sonho… Mas se assim é, porque não assumí-lo?

Também não foi claro em relação aos casos de Cavaleiro, Bernardo Silva e Cancelo. Foram emprestados para rodar porque seria contraproducente reenviá-los para a equipa B. Muito bem. Mas, se evoluírem, como se espera, nos clubes para onde foram, regressam ao Benfica ou ficam por lá definitivamente?

E a pré-época foi mal planeada? Vieira primeiro chuta a bola para o Jesus, dizendo que foi uma ‘opção técnica’, para depois dizer que o facto de os jogos terem corrido mal até foi bom para baixar as expectativas e mostrar a adeptos e jogadores que é preciso humildade. Que as pré-épocas servem para ‘éne’ coisas já tinha ouvido dizer, mas que também serviam para baixar a euforia e fazer os adeptos descer à terra, essa estaria longe de imaginar. É que é uma maneira bem cara de gerir expectativas, pois paga-se com o prestígio do Sport Lisboa e Benfica…

E as eleições na Liga? Este foi o único tema em que o Hélder Conduto não teve coragem de perguntar se o Presidente do Benfica esteve, ou não, envolvido nas (não)candidaturas de Seara e Rangel. Sobre as próximas eleições também pouco ficámos a saber, excepto que Vieira defende um candidato consensual entre Benfica, Porto e Sporting, o que, como princípio, é correcto. Resta saber quem será, como o processo vai ser conduzido e quem ficará a ganhar ou a perder…

Depois desta entrevista, e se o Benfica não desinvestiu voluntariamente, nem teve que vender pressionado pelas eventuais consequências do caso BES, continuo a não perceber porque é que Luís Filipe Vieira não deu explicações aos sócios muito mais cedo.

Mas também já não interessa, encerremos a discussão. Esperemos pelo reforço da equipa até 31 de Agosto. Temos pela frente duras batalhas a travar. O sistema vai atacar com todas as forças, com todas as armas, e em todos os terrenos em que puder manobrar.

Temos que estar à altura dos desafios. E pluribus unum!
 
 
 

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