Os dois últimos jogos trouxeram coisas
bonitas e animadoras. Desde logo, duas saborosas vitórias, mais um troféu e a
quebra do enguiço da 1ª jornada.
Mas, mais do que isso, a equipa mostrou boa
organização e dinâmica, embora melhor a nível ofensivo do que defensivo, e uma
qualidade futebolística a aproximar-se da evidenciada na época passada.
Três argentinos fabulosos, apoiados no eixo
fiável Luisão-Amorim, num super-Maxi, num Jardel que cumpre bem, num Eliseu que
promete, e um Lima de grande utilidade e mobilidade, a quem ‘só falta’ acertar
na baliza.
O Talisca vai fazer-se um grande jogador,
pela mão de Jesus, não tenho dúvidas nenhumas. Um miúdo que chega à Europa e entra
a jogar como ele tem feito só pode ter uma grande qualidade. Falta-lhe poder de
choque? Falta. Falta-lhe saber jogar de costas para a baliza? Falta. Mas a
qualidade está toda lá! A Jogar no meio campo demonstra boa visão de jogo, capacidade
de condução e passe longo, até mesmo classe. A segundo avançado perde qualidade
porque não está rotinado e vai ser necessário muito treino.
O que é que falta ao Artur para ser um grande
guarda-redes? Não falta agilidade, elasticidade nem reflexos. Falta alguma capacidade
de manter concentração permanente e, sobretudo, confiança. É a falta de
confiança que o inibe de sair da baliza a jogar como pivot, que o faz ceder à
pressão dos grandes jogos, e o faz parecer pior de jogo de pés do que realmente
é.
[O Júlio César pode vir a ser um caso
histórico no Benfica. A entrevista que deu à Benfica TV mostra um homem
inteligente, com grande carácter e, isto é fundamental, com uma enorme
motivação e entusiasmo para jogar no Benfica, como se estivesse a começar de
novo. Com a Catedral em vibração, o Júlio César poderá vir a ser catapultado
para exibições ‘imperiais’. Pelo menos, assim o espero.]
No jogo com o Paços de Ferreira (este Paços
vai fazer uma boa época; o próximo jogo com o Porto vai mostrar se a equipa e o
treinador têm, ou não, carácter e personalidade!) gostei de ver as
movimentações do Jara (será desta que pega, tantos anos depois?!), a combinar
bem e a largar a bola no tempo certo, mas o momento da decisão continua um
desastre.
Ou muito me engano ou o Ola John está de novo
a escorregar para o buraco psicológico (da falta de confiança) onde se esconde
com frequência, o que é uma pena, porque é um jogador com uma enorme habilidade,
potência de arranque e rapidez.
Oblak, Garay, Markovic e Rodrigo não são
facilmente substituíveis, nem foram substituídos. Mas o onze base que fez estes
dois jogos tem qualidade suficiente para se bater pelos troféus nacionais. O
problema é que o banco é curto em qualidade, apesar do Lisandro e do Derley (ao
nível do Lima, pelo menos), e em quantidade nalgumas posições (médio defensivo,
pelo menos enquanto o Feija não voltar ao serviço, e lá na frente necessitamos
de um matador).
Não vou equacionar as hipotéticas saídas de
Enzo e Gaitán porque Luís Filipe Vieira deu a sua palavra em como só sairiam
pelas respectivas cláusulas e estou em crer que, por esses valores, muito
dificilmente alguém vira cá busca-los. E como abaixo da cláusula não saem…
Outra das coisas bonitas que vi nestes dois
jogos foi o facto dos sócios e adeptos terem assumido, como missão (ainda mais nas
circunstâncias actuais), que o seu apoio total e incondicional é absolutamente
vital para sustentar e dar força à equipa. Apoiar a equipa, sempre! Do início
ao fim dos jogos! Nesta época, que vai ser muito dura, seremos o 12º, o 13º… o
enésimo jogador!
O Porto está a apostar todas as fichas. Se
perde pode ser a bancarrota. As nomeações de árbitros à medida e a actuação do
reles serventuário Cosme mostram até aos ceguinhos que vai ser um fartar vilanagem,
como nos ‘melhores tempos’ do sistema. É imperioso defender o Benfica em
relação às arbitragens. Não podemos comer e calar!
Temos, treinador. Teremos equipa, estou
certo. Espero e desejo, sinceramente, que tenhamos estrutura directiva ao nível
das enormes exigências que se colocam e se colocarão ainda mais com o decorrer
da época.
Só recentemente pude ver a gravação integral
da entrevista de Luís Filipe Vieira à Benfica TV.
Começo por saudar o enorme profissionalismo e
qualidade do Hélder Conduto que colocou as questões mais prementes que havia a
colocar, sem tibiezas.
As explicações do Presidente aos sócios e
adeptos pecaram por tardias, mas ainda bem que, finalmente, aconteceram. A
entrevista foi esclarecedora em muitos aspectos, e menos noutros.
Esclarecedora no que respeita à venda do
Garay, do Oblak [neste caso o problema esteve na deficiente gestão e
acompanhamento do jogador desde que chegou ao Benfica], do Markovic e do
Cardozo, e até mesmo, relativamente à não permanência do Siqueira, em que o
problema esteve, sobretudo, no volume dos salários pedidos e não tanto no valor
a pagar ao Granada.
Vieira também foi muito claro ao afirmar que
Enzo e Gaitán só saem pela cláusula de rescisão e que até dia 31 de Agosto a
equipa será reforçada nas posições em que for necessário.
Mas já tergiversou ao afirmar que não houve
desinvestimento na equipa, e que as vendas nada têm a ver com um potencial
problema de financiamento, que possa resultar do caso BES, e em relação ao qual
o Benfica tem que se salvaguardar.
Para depois, mais adiante, vir a justificar o
desinvestimento ao dizer com toda a clareza que a massa salarial vai baixar,
que o futebol português tem que mudar de rumo, reduzir custos e viver com base
na formação. E reconhecer que a equipa deste ano já não é a melhor dos últimos
30 anos e que a prioridade é o campeonato nacional, porque não podemos competir
com os orçamentos do Real Madrid, embora a Champions permaneça um sonho… Mas se
assim é, porque não assumí-lo?
Também não foi claro em relação aos casos de
Cavaleiro, Bernardo Silva e Cancelo. Foram emprestados para rodar porque seria
contraproducente reenviá-los para a equipa B. Muito bem. Mas, se evoluírem,
como se espera, nos clubes para onde foram, regressam ao Benfica ou ficam por
lá definitivamente?
E a pré-época foi mal planeada? Vieira
primeiro chuta a bola para o Jesus, dizendo que foi uma ‘opção técnica’, para
depois dizer que o facto de os jogos terem corrido mal até foi bom para baixar
as expectativas e mostrar a adeptos e jogadores que é preciso humildade. Que as
pré-épocas servem para ‘éne’ coisas já tinha ouvido dizer, mas que também
serviam para baixar a euforia e fazer os adeptos descer à terra, essa estaria
longe de imaginar. É que é uma maneira bem cara de gerir expectativas, pois
paga-se com o prestígio do Sport Lisboa e Benfica…
E as eleições na Liga? Este foi o único tema
em que o Hélder Conduto não teve coragem de perguntar se o Presidente do Benfica
esteve, ou não, envolvido nas (não)candidaturas de Seara e Rangel. Sobre as
próximas eleições também pouco ficámos a saber, excepto que Vieira defende um candidato
consensual entre Benfica, Porto e Sporting, o que, como princípio, é correcto.
Resta saber quem será, como o processo vai ser conduzido e quem ficará a ganhar
ou a perder…
Depois desta entrevista, e se o Benfica não
desinvestiu voluntariamente, nem teve que vender pressionado pelas eventuais
consequências do caso BES, continuo a não perceber porque é que Luís Filipe
Vieira não deu explicações aos sócios muito mais cedo.
Mas também já não interessa, encerremos a
discussão. Esperemos pelo reforço da equipa até 31 de Agosto. Temos pela frente
duras batalhas a travar. O sistema vai atacar com todas as forças, com todas as
armas, e em todos os terrenos em que puder manobrar.
Temos que estar à altura dos desafios. E
pluribus unum!
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